quinta-feira, 25 de abril de 2013

Negócio entre Iberdrola e Previ sai da ‘panela de pressão’ e vai para geladeira

O tão esperado negócio entre o fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ) e o grupo espanhol Iberdrola em torno dos ativos da companhia elétrica brasileira Neoenergia foi parar na geladeira. Ou saiu da “panela de pressão”, para usar expressão cunhada por um dos executivos que acompanha de perto os negócios da Neoenergia. 

Ontem, na Espanha, o presidente da Iberdrola, Ignacio Sánchez Galán, afirmou em conferência com analistas que não será capaz de consolidar seus negócios no Brasil como havia previsto após suspensão de conversas para uma eventual fusão da Elektro, distribuidora que atua na região de Campinas, e Neoenergia, que possui distribuidoras na Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, além de ativos em geração de 1.500 MW em operação e outros 2.500 MW em construção, entre eles participação na usina hidrelétrica de Belo Monte. “Não há negociações com a Neoenergia (...) se não houver mudanças nas normas contábeis, não poderemos consolidar a Neoenergia no ano que vem", disse Galán. 

O grupo Iberdrola possui 100% por cento da Elektro e cerca de 40% da Neoenergia e sua intenção era promover uma operação com os sócios da companhia, o Banco do Brasil e a Previ, para poder consolidar a participação na matriz. A Iberdrola leva mais de dois anos nesse processo e deu mandados a bancos de investimento para levar a cabo várias operações no Brasil que, até o momento, não tiveram sucesso. Resultado mundial Os ativos brasileiros influenciaram os resultados do balanço da companhia, divulgado ontem em Madri. 

O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida, na sigla em inglês) das distribuidoras brasileiras caíram pela metade e foi determinante para a queda de 6% no Ebtida total das operações de distribuição e transmissão da Iberdrola no primeiro trimestre do ano, ficando em € 1 bilhão, comparado com o mesmo período do ano anterior. Nas outras operações do grupo, o Ebtida cresceu 10%. De acordo com o comunicado ao mercado divulgado pela Iberdrola, apesar de a demanda por energia elétrica ter crescido 5,4%, no Brasil, a revisão das tarifas da Elektro tiveram um impacto negativo no primeiro trimestre de €.39 milhões. 

Os negócios brasileiros também foram afetados pelo custo extra da energia em função da piora das condições climáticas que esvaziaram os reservatórios e fizeram com que fossem gerados encargos para geração termelétrica . O impacto foi negativo em €.68 milhões no balanço da Iberdrola, que serão recuperados no segundo semestre de 2013 e em 2014. Além disso, o resultado brasileiro também influenciou o balanço mundial da companhia em função da depreciação em 16% do real. O Ebtida total da companhia, que inclui as atividades de geração, distribuição e o negócio de energias renováveis, ficou em €.2,27 bilhões, queda de quase 4%. Já o lucro líquido no trimestre foi de €.878 milhões, registrando uma queda de 15%. A dívida ajustada do grupo está hoje em €.27,8 bilhões e está dentro do planejamento da companhia de reduzir sua dívida em €.6 bilhões.(Brasil Econômico, com Reuters)

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