terça-feira, 3 de março de 2015

Ministro diz que não ficará de braços cruzados diante de denúncias no setor elétrico

O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta segunda-feira (2) que não ficará “de braços cruzados” frente as denúncias de corrupção no setor elétrico. Braga afirmou que ainda não teve acesso a qualquer detalhe das investigações, que podem incluir casos de corrupção em grandes obras de hidrelétricas, como da usina de Belo Monte.

A expectativa é de que o empreendimento venha a ser objeto de delação já que a construtora Camargo Corrêa, que faz parte de seu consórcio construtor, negociou acordo de delação.

O ministro deu uma entrevista ao vivo para o programa “Roda Viva”, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (2).

“Eu não conheço a delação da Camargo Corrêa. Mas é importante dizer que, na semana passada, Belo Monte teve seu balanço de 2014 aprovado com auditoria. Aprovado em seu conselho também em auditoria”, frisou o ministro.

Segundo Braga, ainda nesta terça-feira (3) haverá uma reunião com a CGU (Controladoria-Geral da União) e a AGU (Advocacia-Geral da União) para tratar o assunto.

“Quanto mais rápido agirmos e quanto mais rápido ficar esclarecido, menor prejuízo teremos no setor elétrico”, afirmou.

PETROBRAS - Sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, o ministro disse que não há “nenhum problema” dizer que se está combatendo a corrupção no Brasil.

“Estamos combatendo a corrupção. Na Petrobras estamos fazendo isso. Não confundamos isso com a Petrobras”, defendeu.

O ministro disse também que as revelações da operação Lava Jato, que vem manchando a imagem da empresa e fazendo derreter seu valor no mercado de ações, terá um “efeito colateral muito positivo”.

“Vamos avançar em compliance, transparência e vamos blindar não só a Petrobras, mas as empresas públicas, da intervenção e da interferência político partidária. Esse será um grande ganho a partir da Lava Jato.”

Braga também defende que as empresas envolvidas no esquema de corrupção “não sejam penalizadas”, para que não se prejudique o volume de investimentos na indústria do petróleo, óleo e gás.

“Precisamos compreender que teremos de encontrar com a Justiça brasileira e com o Ministério Público, mecanismos de fiscalização, controle, acordos de leniência, do que será o custo de reparo que essas empresas terão que ter com patrimônio público e a Petrobras”, disse. “Mas manter de pé esse programa de investimento”, complementou.

O ministro salientou que é preciso preservar essa indústria, que gera milhares de empregos no país.

“Acordo de leniência é uma prática do mundo civilizado, maduro. Não dá para deixar os investimentos parados. Isso irá punir povo brasileiro duplamente: pelos mal feitos e pela queda investimento.”

CONTA DE LUZ - O ministro comentou os recentes aumentos sobre a conta de luz de todo país, aprovados na última semana pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Braga reconheceu que parte desses repasses que são agora percebidos pela população vieram de uma correção da reestruturação do setor em 2012, que gerou um desconto médio de 20% sobre as tarifas dos consumidores no início de 2013.

“Eu concordo que a previsibilidade poderia ter sido mais detalhada naquele momento. Previram um cenário que não era o do pior momento, que acabou turbinado por uma crise da questão hídrica, com graves e sérias pressões para dentro do setor elétrico que acabou criando um desequilíbrio”, frisou.

CHARME - Braga também afirmou que a troca de energia entre o Brasil e os países vizinhos é uma ação comum e importante para manter a segurança do sistema elétrico no país.

Segundo ele, as críticas feitas a importação de energia elétrica da Argentina feita neste ano não se dão por questões técnicas, mas “porque nesse momento é charmoso dizer isso”.

A importação de energia extra da Argentina ocorreu após o apagão de 11 Estados e o Distrito Federal, no mês de janeiro, devido ao consumo excessivo de energia no horário de pico.

A importação foi feita justamente para dar mais folga ao sistema durante o período de maior consumo.

Braga disse ainda que “haverá um esgotamento hídrico no Brasil”, referindo-se ao futuro, mas sem citar datas ou previsões. Por este motivo, ele considera “estratégico” para o país estar conectado com todos os países da América do Sul. (Folha de S. Paulo Online)
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