terça-feira, 7 de outubro de 2014

Leilão A-1 só terá oferta com preço-teto maior

O leilão de energia A-1, que o governo prevê realizar até dezembro, terá de contar com um preço teto mais atraente aos investidores do que o que vinha sendo praticado nos últimos leilões do gênero. Seja quem for o presidente eleito, Dilma Rousseff (PT) ou Aécio Neves (PSDB), terá de lidar com um cenário de vencimento de concessões e término de contratos em 2015, que tende a fazer do ano que vem um ano ainda mais difícil para o abastecimento. É consenso entre os agentes do setor a importância do sucesso do processo licitatório, que prevê a contratação de energia elétrica com prazo de um ano para o suprimento. "Tudo vai depender do preço teto fixado pelo governo

É a questão do preço que irá definir se haverá ou não sucesso no leilão porque, como os preços continuam altos no mercado livre, o gerador terá de pesar se o prazo e o retorno oferecidos no leilão compensarão os ganhos que hoje obtêm no mercado livre, onde os preços devem continuar altos no ano que vem", afirma o presidente da Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica (ABCE) e do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico, Alexei Vivan. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura Adriano Pires, o preço-teto fixado terá de ser, certamente, acima do praticado no último leilão A-1 realizado, cujo contrato de um ano foi fixado em R$ 192; o de um ano e meio, em R$ 166; e o de três anos, em R$150. Apesar de ser um patamar mais elevado do que o praticado no leilão de energia A-0, que foi criticado por não ter recebido propostas, não houve oferta suficiente também no certame A-1.

"O preço terá de ser maior do que o praticado no ano passado", diz Pires, alertando, porém, que,dependendo do resultado da eleição, poderá haver uma reavaliação dos preços praticados no mercado. Mas, seja qual for o presidente eleito, precisará contar com o novo leilão A-1. "Vamos chegar a novembro com um nível muito baixo dos reservatórios. Teremos um 2015 difícil. Esse é um leilão fundamental para que tenhamos energia em 2015", aponta o especialista. Coordenador do Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica da UFRJ, Nivalde de Castro, lembra ainda que o governo conta com outra possibilidade para tornar mais atraente aos geradores a oferta de energia no leilão A-1: alterar a metodologia de cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) para reduzir o valor da energia no mercado livre, que já chegou a R$ 822 por MW/h.

"Para fixar o preço-teto do leilão A-1, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está seguramente aguardando o resultado da consulta pública sobre a metodologia do PLD, que terminou na última quinta-feira e está em análise pela agência", afirma Castro.O mais provável, na opinião dele, é que a agência passe a trabalhar com outra termelétrica de referência para os preços. Se isto ocorrer, o valor cairá automaticamente, tornando o mercado livre menos atraente para os geradores, e, com isso, o órgão regulador não precisaria elevar tanto o preço-teto do leilão A-1. "As perspectivas para o ano que vem são de reservatórios baixos e PLD elevado. Nesse cenário, o preço-teto do leilão A-1 teria de ser alto. Mas, se for implementada uma metodologia que leve à redução do PLD, a Aneel poderá fixar um preço-teto menos elevado para o leilão", pondera. (Brasil Econômico)
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