O governo admitiu que os principais projetos de geração de eletricidade em curso no país, as grandes hidrelétricas na região Norte, não serão suficientes para atender a demanda futura. Com isso, o abastecimento ficará ainda mais dependente das termelétricas, que geram a energia mais cara. Ontem, o assessor da diretoria-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Marcelo Prais, afirmou que a fatia da geração hidráulica na matriz elétrica nacional vai recuar de 74,8%, em 2013, para 70,5%, em 2018.
Prais explicou que a queda ocorrerá apesar da entrada em operação das usinas em construção. "O desafio é grande porque, apesar de a capacidade hidráulica atingir 20,5 mil megawatts (MW) em quatro anos, só 1% desse total representa reservatórios", disse, acrescentando que o consumo no período continuará crescendo a uma taxa média anual de 4,2%.
Menos biomassa - Segundo o ONS, a energia eólica vai aumentar sua presença, de 1,9% para 8,6%, enquanto as térmicas a óleo passarão de 3,8% para 3%. A energia de biomassa e a gás também será reduzida, enquanto a nuclear deve subir de 1,6% para 2,1%, graças à entrada em operação de Angra 3. Na avaliação do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adilson de Oliveira, especialista no setor, "se o país tivesse uma malha de gás natural, não seria tanto, mas ainda precisa queimar óleo".
Para a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), Elbia Melo, a força dos ventos pode agregar 14 mil MW ao sistema até 2018 e elevar a participação com preço competitivo, de R$ 133 MW/hora. "Mesmo assim, o país não pode prescindir das termelétricas", disse. (Correio Braziliense)
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