segunda-feira, 26 de maio de 2014

Geradoras avaliam pedido de ajuda

As geradoras iniciaram na semana passada um estudo sobre a queda na produção de energia hídrica neste ano, em decorrência da forte seca no Sudeste. O objetivo é levar o relatório, que deve ficar pronto dentro de 20 a 30 dias, a Brasília para pedir ajuda ao governo federal. Estima-se que o déficit na geração hídrica (fator conhecido pela sigla GSF) custará mais de R$ 20 bilhões neste ano, já que as geradoras terão de comprar energia no mercado de curto prazo para conseguir atender 100% do volume assegurado nos contratos.

O cenário para 2015 também começa a ficar comprometido, na avaliação de analista. O banco HSBC incluiu em suas projeções a possibilidade de um racionamento de 20% no ano que vem.

A Apine (Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica), a Abiape (Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia) e a Abragel (Associação Brasileira dos Geradores de Energia Limpa) encomendaram um estudo sobre o déficit hídrico para dois consultores, Dorel Soares Ramos e Marciano Morozowski Filho. Os trabalhos foram iniciados na quinta-feira. "Existem várias estimativas, mas queremos ter um número bem embasado para levar a Brasília", disse o presidente da Apine, Luiz Fernando Vianna.

As simulações apontam que a exposição das geradoras poderá custar entre R$ 13 bilhões e R$ 24 bilhões, dependendo dos preços. De acordo estimativas do setor, as hidrelétricas teriam de gerar 49,9 MW médios este ano, mas vão entregar 46,5 MW médios, representando uma exposição de 7%.

Nem todas as geradoras serão afetadas da mesma forma. As companhias mais descontratadas, como a Cesp, vão se sair melhor, já que não precisam adquirir energia no mercado spot para cobrir posições vendidas. Mas grande parte das geradoras comercializa antecipadamente sua produção e deve ficar descoberta (short).

Na sexta-feira, as ações da Cesp subiram 4%, a maior alta do Ibovespa, depois que o J. Safra elevou o preço-alvo para os papéis, de R$ 25 para R$ 32. O banco reviu sua projeção para os preços da energia no mercado spot, de R$ 127 por MWh para R$ 800 por MWh, e considerou um déficit 5% na geração das hidrelétricas (GSF). "Acreditamos que a Cesp seja a companhia mais bem posicionada", disse o analista do J. Safra, Sergio Tamashiro. (Valor Econômico)
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