quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Rombo das distribuidoras já é estimado em mais de R$ 13 bilhões para 2014

Governo e distribuidoras discutem como cobrir em 2014 um rombo de caixa maior que os quase R$ 10 bilhões repassados pelo Tesouro no ano passado. Em dezembro, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica previa que, no pior cenário, o impacto financeiro da exposição involuntária no mercado de curto prazo e a impossibilidade de repasse imediato do custo das térmicas para o consumidor, via bandeiras tarifárias, chegaria a R$ 13,1 bilhões. O que se imagina agora é que esse valor possa ser ainda maior, por conta da elevação do Preço de Liquidação das Diferenças.

A Abradee evita comentar o assunto, mas a compra de energia no mercado à vista para suprir a demanda descontratada de 3,5 mil MW médios será feita a um PLD médio não mais na casa dos R$ 200 por MWh, conforme esperado no mês passado. João Carlos Mello, presidente da Thymos Energia, acredita que o ordem de grandeza do número pode ficar entre R$ 13 bilhões e R$ 15 bilhões, considerando o cenário atual.

"Isso cria um estresse de caixa nas distribuidoras muito grande, que teria de ser amenizado", avalia Mello. A opção usada no ano passado pelo governo foi o repasse de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético para as empresas. Oficialmente, ainda não foi anunciada nenhuma decisão nesse sentido para 2014, embora o ministro de Minas e Energia não descartasse no ano passado a possibilidade de novos aportes de recursos na conta. O professor Nivalde de Castro, coordenador do Gesel/UFRJ, em entrevista esta semana à Agência CanalEnergia, já previa o uso da CDE como no ano passado, lembrando que o Tesouro já tem reservados R$ 9 bilhões para as necessidade do setor este ano.

A Abradee e o MME já realizaram duas reuniões este mês e mais uma está prevista para fevereiro para discutir possíveis saídas. As distribuidoras tem pressa em resolver o problema, pois na segunda quinzena do mês que vem terão que pagar a geração termelétrica. Além da CDE, uma outra via possível é a realização de reajustes tarifários extraordinários, previstos nos contratos, para manter o equilíbrio econômico-financeiro das empresas.

Na projeção feita pela Abradee, o aumento dos gastos e o adiamento da aplicação do sistema de bandeiras tarifárias poderia resultar em acrescimo na tarifa entra 4,2 ponto se 13,1 pontos percentuais, dependendo do cenário. A estimativa é de que para cada R$1 bilhão de aumento nas despesas das distribuidoras há acréscimo de um ponto percentual na tarifa. A energia descontratada passou de 2,3 mil MW médios no ano passado para 3,5 mil MW médios esse ano. As empresas alegam também que existe uma diferença de R$ 1,5 bilhão entre o preço de aquisição de energia no leilão A-1 do ano passado e o valor coberto pela tarifa. (Canal Energia)
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