quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Geradores terão que entregar em março projeto de monitoramento dos reservatórios

A Agência Nacional de Energia Elétrica e a Agência Nacional de Águas vão começar a monitorar os reservatórios das hidrelétricas construídos há mais de oito anos. O objetivo é identificar o assoreamento dos reservatórios, com base na atualização das Curvas Cota x Área x Volume, e saber qual o impacto disso na geração de energia. Os geradores terão até o dia 14 de março de 2014 para entregar à ANA um projeto de como será realizado o levantamento. Eurides de Oliveira, superintendente Adjunto de Gestão da Rede Hidrometeorológica da ANA, conta que a partir dessa data as geradoras terão dois anos para apresentar os dados finais às agências reguladoras.

A identificação de assoreamento dos reservatório faz parte de uma resolução conjunta da ANA e Aneel publicada em 2010. "O objetivo da resolução é fazer o auto monitoramento dos reservatórios geradores de energia elétrica. Isso envolve desde a instalação de estação e informação do que está chegando no reservatório, os níveis do reservatório e o que está saindo de água, volume, além da parte de qualidade da água", explica Oliveira à Agência CanalEnergia.

O superintendente diz que quando se faz um projeto de uma usina, existe um volume esperado dos reservatórios, mas com o tempo esse reservatório pode assorear mais ou menos. "O que a gente está procurando fazer agora é conhecer a realidade dos reservatórios do país e a medida engloba quase a totalidade dos reservatórios", comenta. Pela resolução, as empresas que tem reservatórios para geração de eletricidade terão que fazer de dez em dez anos esse monitoramento do volume do reservatório. A partir dos relatórios finais apresentados pelas empresas, a ANA e a Aneel farão a análise desses dados e podem até decidir por um tempo menor para a revisão.

"Em cima das informações que serão entregues em 2016 a gente vai decidir se a revisão será a cada dez anos ou num prazo menor. Mas isso será avaliado caso a caso e vai depender de quanto o reservatório vai estar assoreado", declarou Oliveira. João Mello, presidente da Thymos Energia, conta que fez um estudo recentemente para o Instituto Acende Brasil que mostra que a performance dos reservatórios nos modelos está diferente da observada na vida real. "O modelo está considerando mais água do que ele realmente está tendo. Isso pode ser assoreamento dos reservatórios, perda de eficiência das máquinas e até perda de água no meio do caminho para a irrigação", avaliou.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica, Flávio Neiva, disse que a Abrage está contribuindo com as agências reguladoras para a formatação e aperfeiçoamento dessa metodologia. "Entretanto, a Abrage acredita que o assoreamento é um processo muito lento e não afeta os grandes reservatórios de acumulação", analisa Neiva. O executivo afirma que o tema ainda precisa ser bastante estudado, de modo a se tirar conclusões precisas sobre o processo de assoreamento dos reservatórios.

Mas, para Mello, da Thymos, o assoreamento dos reservatórios já pode ter um impacto significativo na produção de energia. "Com esses dados que a ANA e a Aneel pretendem levantar vai se ter uma dimensão disso", aponta o consultor. O documento com as orientações para atualização das curvas Cota x Área x Volume pode ser encontrado clicando aqui. (Canal Energia)
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