quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Impacto da decisão na conta do consumidor poderá ser nulo

Se para o mercado a imagem da AES Eletropaulo sai completamente arranhada nesse episódio envolvendo investimentos anunciados na rede, mas não realizados, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para o consumidor paulista os efeitos práticos dessa punição poderão ser nulos na conta que chega no fim do mês.

"Com a decisão da Aneel, o que pode ocorrer é um reajuste menor da tarifa (após a revisão tarifária), não necessariamente um desconto na conta de luz. Mas ainda é prematuro dizer o que poderá ocorrer", afirmou Patrícia Alvares Dias, assessora técnica do Procon-SP.

A companhia distribuidora de energia foi a campeã de reclamações em 2012, se consideradas somente as companhias de serviços essenciais, na lista divulgada pelo Procon-SP.

"Quando incluídas todas as empresas, cai para a nona no ranking", disse Patrícia.

Os bancos continuam no topo das reclamações, quando se consideram todas as empresas, um total de 50.

As reclamações mais comuns dos consumidores sobre a Eletropaulo são cobrança indevida, dúvida sobre a cobrança da tarifa e vício de qualidade (má execução do serviço), explicou o Procon-SP. Ontem, a companhia ocupava a 15.* posição no ranking online diário.

De acordo com Patrícia, o Procon tem participado ativamente, nos últimos anos, das discussões de revisões tarifárias promovidas entre a Aneel e as distribuidoras de energia. "Nas futuras discussões da revisão tarifária, essa punição será levada em consideração, como também as inúmeras reclamações dos serviços prestados pela companhia", afirmou a assessora técnica do Procon-SP.

Segundo ela, como se trata de um problema coletivo, o órgão não aconselha 0 consumidor a procurar a Justiça comum para exigir indenização nesse caso.

A companhia; que atende 17 milhões de habitantes da capital paulista e 23 municípios da Grande São Paulo, é a maior distribuidora de energia da América Latina em faturamento.

Interrupções. No ano passado, segundo Patrícia, muitos bairros de São Paulo ficaram mais de 24 horas sem energia elétrica durante o período mais crítico de chuvas. Em recente entrevista ao Estado, o presidente da AES Eletropaulo, Britaldo Soares, informou que a distribuidora está reduzindo o tempo de interrupções de energia e está preparada para o próximo verão.

De acordo com Soares, a duração de interrupção de janeiro a março de 2010 era, em média, de 4,16horas. No mesmo período deste ano caiu para 2,28 horas. Desde 2010, segundo ele, foram investidos aproximadamente R$ 220 milhões em inovações tecnológicas na rede.

A companhia começou a discutir nas últimas semanas a revisão do quarto ciclo tarifário. O ciclo de investimentos da Eletropaulo - de 2013 a 2017 -prevê R$ 3,2 bilhões, um aporte médio de R$ 600 milhões por ano. O ciclo anterior foi de cer; ca de R$ 3 bilhões de investimentos.

Na última revisão, a terceira do ciclo, a distribuidora teve uma redução tarifária de 9,3%. A expectativa era que no próximo ciclo, previsto para julho de 2015, a companhia buscasse uma recuperação, agora colocada em xeque.

"Com um episódio como esse, a credibilidade da companhia fica totalmente prejudicada", afirmou a assessora do Procon-SP. (O Estado de S. Paulo)