quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Leilão eleva em 1,5% conta de luz em 2014

O resultado do leilão de energia velha (de usinas já existentes), realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vai afetar o bolso do consumidor brasileiro. Os novos contratos terão impacto direto de 1,5% na tarifa de energia elétrica em 2014. Além disso, como o leilão não conseguiu comprar toda a energia necessária, as distribuidoras terão de recorrer ao mercado à vista - cujos preços são mais altos - para completar o atendimento de seus mercados. De alguma forma, esse custo também deverá parar na conta de luz.

O leilão da Aneel contratou 2.571 megawatts (MW) médios de energia, o que significa 40% do volume descontratado. No fim de 2012, venceram contratos de 2 mil MW médios. O primeiro leilão realizado no início do ano não teve interessados e as distribuidoras tiveram de comprar a energia no mercado à vista, com preços mais salgados c que variam especialmente conforme o nível dos reservatórios.

Como o preço estava elevado, o governo federal teve de intervir e colocar dinheiro do Tesouro Nacional para evitar uma quebradeira no setor e, ao mesmo tempo, repassar o custo para o consumidor de uma vez só (a conta será cobrada dos brasileiros em cinco anos a partir de 2014). Agora na virada do ano, outros 4 mil MW médios vão expirar, o que representaria uma exposição de 6 mil MW médios das distribuidoras.

Como o governo contratou apenas 2.571 MW médios ontem, ficarão faltando 60% do volume necessário para as concessionárias atenderem seus mercados. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca, se o preço do mercado à vista ficar entre R$ 160 a R$ 240 o MWh em 2014, o rombo das distribuidoras para comprar a energia ficará entre R$ 1,5 bilhão e R$ 4,1 bilhões,

Hoje o preço do mercado de curto prazo varia entre R$S 303,81 e R$ 310,55 o MWh, segundo a Câmara de Comercializão de Energia Elétrica (CCEE). Ou seja, o custo seria ainda maior que o previsto pela Abradee. "É uma situação preocupante", afirma Fonseca. Na segunda-feira, a agência de classificação de riscos Moody"s divulgou relatório no qual projetava que a exposição das distribuidoras variava entre 2 mil e 4 mil MW médios. Na conta deles, o custo total seria entre R$ 4,2 bilhões e R$ 5,2 bilhões. O valor foi calculado com base em um preço médio estimado no mercado de curto prazo de R$ 230 o MWh.

O presidente da Abradee disse que vai conversar com o governo federal para tentar résolver o problema. A ajuda dada pelo Tesouro Nacional, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE),é válida apenas para este ano. Novas perdas terão de ter nova solução. Mas, de qualquer forma, uma hora ou outra os gastos decorrentes com a exposição das distribuidoras chegarão na conta do consumidor. Já os 1,5% referentes aos contratos firmados ontem já devem ser repassados para a tarifa de energia na data de reajuste tarifário de cada distribuidora. Segundo Fonseca, o preço médio da energia comprada subiu de R§ 110 para R$ 177,22 o MWh.

Balanço. O leilão movimentou 37,32 milhões de MWh, o equivalente a R$ 6,22 bilhões em volume financeiro. O preço médio de venda ficou em R$ 191,41 o MWh para o fornecimento de energia por um prazo de 12 meses, ao longo de 2014; R? 165,20 para contratos de 18 meses, entre janeiro de 2014 e junho de 2015; e R$ 149,99 para contratos de 36 meses, entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016.0 primeiro contrato negociou 1.654 MW médios; o segundo, 98 MW médios; e o terceiro, 819 MW médios.

No mercado, uma das explicações para a frustração do leilão foi que os geradores preferiram vender a energia no mercado à vista por um preço mais atraente que o oferecido pelo governo ou comercializaram uma parte no mercado livre.

ENERGIA VELHA 
• Capacidade - O leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica contratou 2.571 megawatts médios de energia, o que significa 40% do volume descontratado.
• Custo - Se 0 preço do mercado à vista ficar entre R$ 160 a R$ 240 0 MWh em 2014,0 rombo das distribuidoras para comprar energia
ficará entre R$ 1,5 bilhão e R$ 4,1 bilhões.
• Reforço de caixa - A ajuda dada pelo Tesouro Nacional, por meio da CDE, é válida apenas para este ano.