terça-feira, 25 de junho de 2013

Aneel define hoje impasse em hidrelétricas do Madeira

BRASÍLIA O impasse entre as gigantes usinas hidrelétricas do Rio Madeira pode ter fim hoje, com a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre as demandas de Jirau e Santo Antônio, que reivindicam mudanças nos projetos originais para elevar a capacidade de geração de energia. A tendência é que a diretoria da agência opte por uma saída intermediária, com ganhos e perdas para as duas usinas.

As duas usinas tentaram uma solução negociada, mas não chegaram a consenso. Quando a briga foi levada à decisão da Aneel, no mês passado, também o colegiado de diretores chegou a um impasse. Desde maio, o diretor da Aneel Julião Coelho tomou o processo para fundamentar um voto que, segundo ele, prevê "equalizar a frustração das expectativas de ambos".

Por estarem no curso do mesmo rio, a alteração da cota (profundidade) de um dos reservatórios pode acarretar impacto na outra hidrelétrica. Por isso, o ganho de uma usina implica perda da outra, mas a Aneel visa ao ganho de produção do sistema como um todo. Se a decisão tardar mais, não será possível alterar os projetos por causa do ritmo da construção das usinas.

Em sua fundamentação, que será apresentada hoje à diretoria da Aneel, Coelho defendeu uma solução de equilíbrio, para evitar que, no futuro, grupos que atuam no setor percam a motivação de buscar ganhos de eficiência e aumento de produtividade em seus empreendimentos, por temor de uma decisão desfavorável da agência reguladora.

- Na minha visão, devemos atender aos dois igualitariamente, na medida do possível, porque, se frustramos de maneira isonômica, a chance de um desistir de empreender é menor do que se concentrarmos a frustração em um só. Com isso, espero que possamos chegar a um consenso e resolver o impasse, porque da forma que estava não haveria decisão - disse Coelho.

custo de R$ 30 bilhões
A disputa do Rio Madeira envolve um potencial de geração de mais de 50 Megawatts (MW), ou cerca de R$ 2 bilhões em investimentos. As duas usinas gerarão 6,9 mil MW e custarão quase R$ 30 bilhões, sem considerar a ampliação da capacidade. Pelo voto de Coelho, a equalização das frustrações resultaria em uma transferência parcial do potencial de geração de Santo Antônio para Jirau em 22,3 MW. Assim, o resultado seria equilibrado, alega, para ambas as usinas, que fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (O Globo)
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