terça-feira, 28 de maio de 2013

Energia eólica pode captar R$ 8 bi em dois anos

Os bons ventos que sopram nos mais de 8 mil quilômetros do litoral brasileiro começam, afinal, a ajudar a captar recursos - muitos - para a geração de energia no país. Há expectativa de que nos próximos dois anos até R$ 8 bilhões sejam destinados ao setor para possibilitar que a energia eólica tenha chance de sair do patamar de 1% de participação na matriz energética do país.

"O Brasil hoje apresenta a maior possibilidade global para empresas e investidores na área de energia e a eólica, especialmente, tem se destacado cada vez mais", diz Everaldo Feitosa, presidente da empresa Eólica Tecnologia e vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). Ele aponta que a liderança do governo nos leilões de energia traz garantias de segurança para os investidores e tem incentivado a chegada de recursos, ao mesmo tempo em que se tornam mais acessíveis as verbas liberadas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES condiciona o crédito a um índice de componentes nacionais que progressivamente atinge 60%.

Com isso, tanto empresas nacionais como internacionais querem participar desse mercado. Segundo relatório recente da WWEA, a capacidade instalada de energia eólica brasileira quase triplicou entre 2010 e 2012. Entre 2010e 2015, espera-se que a capacidade instalada cresça mais de 500%, ante apenas 14% da hidrelétrica, e atingiria mais de 5.000 MW, superando a nuclear, que deve atingir 2.000 MW.

"Nossa cadeia produtiva está em constante evolução e os problemas pontuais têm tudo para ser solucionados", aponta Feitosa.

A previsão da Abeeólica é que a capacidade instalada no uso dos ventos para produzir energia elétrica cresça 141% em 2013, na comparação com 2012, chegando a 6 gigawatts. Ainda de acordo com a associação, o setor pode receber investimento de até US$ 10 bilhões entre 2013 e 2017.

As expectativas são pequenas, contudo, considerando a capacidade brasileira de geração de energia eólica que, segundo os especialistas, permitiria alcançar patamares semelhantes aos da Dinamarca ou Espanha, onde o vento responde por cerca de 28% da matriz de energia.

Ao mesmo tempo em que cresce rapidamente, o setor de energia eólica tem criado novas oportunidades e demandas para esse segmento. Para driblar gargalos de logística - como a dificuldade de enviar os pesados equipamentos produzidos na região Sudeste para o Nordeste (onde estão os parques eólicos) -, começa a ganhar força um movimento de instalação de parques fabris na Bahia e no Ceará, por exemplo. A produção eólica também já enfrenta dificuldade na contratação da mão-de-obra.

"Os principais gargalos estão associados à logística, tanto para o transporte de equipamentos quanto para a transmissão de energia. Mas há caminhos para a solução destas questões", diz Elbia Melo, presidente da Abeeólica. De acordo com ela, uma solução para levar equipamentos fabricados no Sudeste para os parques eólicos nordestinos seria o aprimoramento do uso do transporte de cabotagem. "Em relação à transmissão, a solução deve vir no médio prazo, visto que, para a realização dos próximos leilões, é exigida a construção prévia de linhas de transmissão", completa.

Avaliação da agência de classificação de riscos Moody"s já apontava no fim de 2012 que a expansão planejada da energia eólica na matriz elétrica brasileira em cerca de cinco vezes, até 2016, criaria desafios para o setor no país. A razão principal é que a energia eólica no Brasil tem sido viabilizada em contratos de longo prazo a preços considerados cada vez mais competitivos, provocando uma tendência de queda nas tarifas para os geradores.

Atualmente há 115 usinas eólicas instaladas no país, com possibilidade de responder, a partir do ano que vem, por cerca de 40% da demanda de crescimento anual por energia brasileira, conforme Elbia Melo apresentou no evento Brasil Wind Energy Conference, que termina hoje em São Paulo. (Brasil Econômico)
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