quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eletrobras tem R$ 3,4 bi para demissões

O plano de afastamento voluntário dos funcionários do Sistema Eletrobras teve reservados R$ 3,4 bilhões para os próximos 18 meses. Conforme adiantado pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, foram programados gastos de R$ 2,1 bilhões com o desligamento de funcionários em 2013 e R$ 1,3 bilhão em 2014. O Programa de Incentivo ao Desligamento (PID) pode alcançar entre 2 mil e 5 mil funcionários de um total de 9 mil elegíveis, como disse o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, na segunda-feira.

Segundo uma fonte, será oferecido 0,65 salário para cada ano trabalhado, limitado a R$ 600 mil por funcionário. São elegíveis aqueles com 20 anos de casa ou já aposentados. Considerando os valores reservados pela companhia e o número máximo de funcionários almejados, a indenização média é de R$ 680 mil, o que provavelmente inclui outros custos. Terá incentivo maior quem se desligar este ano.

A Eletrobras não tem como prever o número final de funcionários que vão aderir, já que o programa é voluntário. O PID será oferecido aos funcionários de Furnas, Chesf, Eletronorte, Eletrosul, Eletronuclear e CGTEE. E também inclui as seis distribuidoras federalizadas: Amazonas Energia (AM), Boa Vista Energia (RR), Eletroacre (AC), Ceron (RO), Cepisa (PI) e Ceal (AL).

A Chesf espera obter uma redução de custos da ordem de R$ 200 milhões com o plano de incentivo ao desligamento. Segundo o presidente da empresa, João Bosco de Almeida, esse valor deve ser alcançado até 2014.

"Não temos meta de número de funcionários porque o plano é voluntário. Mas estimamos uma meta preliminar de redução de custos com pessoal de R$ 200 milhões, entre salários e benefícios", informou o executivo.

Furnas, que já tem um plano de demissões voluntárias, informa que agora vai acompanhar o plano da Eletrobras. Em 2011 saíram 239 funcionários da estatal, que opera na região Sudeste, número que aumentou para 464 funcionários em 2012. Para 2013 a meta de Furnas é que 1.416 trabalhadores sejam desligados até o fim do ano.

O conselho de administração da estatal também aprovou a contratação de uma consultoria internacional para apresentar um modelo de reestruturação societária, organizacional e do quadro de pessoal da companhia, informou uma fonte do Valor. O PID já é uma resposta à nova configuração do setor elétrico após a edição da polêmica MP 579, no ano passado. Com perdas bilionárias de receitas de geração e transmissão causadas pela renovação onerosa das concessões forçada pelo Governo.

"Aparentemente, a empresa começou a se mover para resolver questões importantes e estruturais sobre seu desempenho, o que é bastante positivo. Fica agora a expectativa em relação à capacidade de execução", avalia o analista Vinicius Canheu, do Credit Suisse.

A estatal também aguarda edital do Ministério de Minas e Energia (MME) com as regras de renovação das concessões das seis distribuidoras federalizadas que vencem em 2015. Só depois que as regras forem divulgadas a Eletrobras vai procurar sócios, oferecendo o controle das empresas e ficando com participações minoritárias. No primeiro balanço após as mudanças, a Eletrobras registrou prejuízo de R$ 36 milhões no primeiro trimestre de 2013, revertendo lucro de R$ 1,2 bilhão no mesmo período do ano passado. (Valor Econômico)
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