quarta-feira, 29 de maio de 2013

Eletrobrás quer cortar 5 mil vagas em PDV

O conselho de administração da estatal de energia Eletrobrás aprovou ontem um Programa de Demissões Voluntárias (PDV) - apelidado pela companhia de Plano de Desligamento Incentivado (PDI) -com o objetivo de demitir cerca de 5 mil pessoas. No total, mil trabalhadores da empresa são elegíveis ao programa, que deverá ter um custo de R$ z bilhões, segundo fontes ligadas à companhia. As demissões, que deverão gerar uma economia anual de R$ 1,8 bilhão à Eletrobrás em pagamento de salários, são apenas um passo no processo de reestruturação do grupo, que passa por uma forte crise.


A busca por meios de cortar custos já se reflete nas ações. Apesar da descrença inicial sobre a recuperação da Eletrobrás, o mercado parece ter dado um voto de confianca à atual administração. Os papéis preferenciais (PNB) acumulam alta de 26,32% em 2013, após um conjunto de boas notícias sobre a companhia ao longo deste mês e a expectativa de que as ações recebam dividendo. Esse movimento recuperou em parte as perdas apuradas depois da decisão de renovar as concessões de geração e transmissão, o que reduziu receitas.

Uma segunda fonte ligada à empresa ouvida pela Broadcast, serviço em tempo real da Agência EstadOy disse que, apesar de esperar um custo total um pouco abaixo de R$ 2 bilhões, a empresa deverá fixar o valor da provisão em até R$ 3 bilhões para evitar surpresas desagradáveis ao mercado. Compensação. Pelos termos do PDV da Eletrobrás, quem aderir mais rapidamente ao programa ganhará mais dinheiro. Ãs demissões ocorrerão em duas etapas: a primeira, entre julho e dezembro de 2013; a segunda, de janeiro a novembro de 2014.

Aquele que optar por deixar a estatal este ano terá direito a 65% da remuneração por ano trabalhado, limitado a 35 anos e ao valor máximo de R$ 600 mil. Além disso, esses empregados terão uma indenização complementar equivalente a 40% do saldo do FGTS e às verbas rescisórias, além da manutenção do plano de saúde por cinco anos.

Já os trabalhadores que optarem por sair em 2014 terão direito a 50% da remuneração, limitado a 24 anos e ao valor máximo de R$ 250 mil. Terão também direito a receber o equivalente a 40% do saldo do FGTS e verbas indenizatórias, além de plano de saúde por um ano. O limite total de indenização não pode ser superior a R$ 400 mil.

Os termos das duas etapas do DV já foram repassados pela Eletrobrás aos sindicatos dos empregados da estatal.

Dividendos. Boa parte da alta rccente das ações da companhia no curto prazo se deve à xpectativa do mercado sobre o pagamento de dividendos. De acordo com o analista, a PNB teria um yield (retorno) em torno de 20%, o que é considerado bastante atrativo. A redução de custos, a reestruturação das distribuidoras e a entrada em operação de novos projetos de geração e transmissão abririam espaço para a companhia também pagar dividendos para os detentores de ações ordinárias, o que melhoraria de maneira significativa a percepção do mercado sobre a Eletrobrás.

Prova de que a Eletrobrás segue um novo caminho ocorreu no primeiro leilão de transmissão,no começo de maio. Tradicionalmente agressiva, a estatal não levou nenhum dos dez lotes ofertados. Motivo: a baixa rentabilidade dos projetos. “Estamos mais rígidos. Não podemos assumir projetos com riscos sem ter a rentabilidade que consideramos adequada. Estamos procurando bons negócios e rentáveis”, garantiu o diretor Financeiro e de Relaçõs com Investidores, Armando Casado, em teleconferência realizada este mês. (O Estado de S. Paulo)
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