quinta-feira, 28 de março de 2013

Cesp planeja dar início a demissões

A Cesp, estatal paulista que está entre as cinco maiores geradoras de energia do país, pretende abrir um plano de demissão voluntária (PDV) no dia 31 de julho. Mauro Arce, presidente da companhia, que possui em torno de 1.500 funcionários, só aguarda o sinal verde dos órgãos estaduais. A estatal irá encolher drasticamente, depois de ter recusado a proposta do governo federal para a renovar as concessões de suas três hidrelétricas, Três Irmãos, Ilha Solteira e Jupiá. 

Juntas, as usinas respondem por cerca de 70% da garantia física total gerada pela Cesp, de 3,9 mil MW médios. A partir de 2015, a única grande hidrelétrica que restará para a empresa será a de Porto Primavera. Concluída em 2013, a usina gera em torno de 1 mil MW médios de garantia física. A estatal possui ainda duas usinas menores, Paraibuna e Jaguari, que geram 50 MW e 14 MW médios, respectivamente. 

A hidrelétrica de Três Irmãos, cuja concessão expirou em novembro do ano passado, já está em via de ser entregue à União, que tem planos de levá-la a leilão ainda neste primeiro semestre. Arce, porém, ainda aguarda um retorno de Brasília, que não se manifestou sobre alguns termos importantes envolvendo a transição da hidrelétrica para o poder concedente. A Cesp não sabe, por exemplo, como será remunerada por operar e manter a usina até ela ser relicitada. 

No dia 5 de março, o governo federal fixou que a garantia física gerada por Três Irmãos é de 217 MW. Segundo Arce, essa energia deixou de ser considerada como "sobra" pela Cesp a partir de então. Até agora, a companhia vinha incluindo esse volume em sua contabilização anual, mas a retirada não preocupa a empresa. "Temos meios de suprir [esse volume]", disse Arce. 

A estatal, afirmou o executivo, terá 200 MW médios de energia descontratada este ano, que será liquidada na Câmara de Comercialização (CCEE) pelo preço spot ou vendida nos leilões de curto prazo. 

A garantia física atribuída pelo governo federal a Três Irmãos favoreceu a Cesp, para surpresa de agentes do setor. Havia o receio de que Ministério de Minas e Energia (MME) reservasse um volume maior para a hidrelétrica, o que reduziria a energia disponível para a Cesp nos próximos dois anos. "O volume é correto. Tivemos acesso à forma como [a garantia física] foi calculada", disse Arce, em teleconferência realizada ontem com analistas. Neste aspecto, o governo paulista entendeu-se com a União. 

A estatal paulista trava uma queda de braço com o governo federal em torno dos valores estabelecidos para as hidrelétricas. O MME calcula que a Cesp tem direito a receber uma indenização de R$ 1,7 bilhão por Três Irmãos, enquanto a empresa avalia ter direito a um reembolso de R$ 3,5 bilhões. (Valor Econômico)
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