quinta-feira, 28 de março de 2013

Regras de decreto preocupam Light

O presidente da Light, distribuidora de energia que atende a região metropolitana do Rio de Janeiro, Paulo Roberto Pinto, disse ontem estar preocupado com as despesas de acionamento de termelétricas e de compra de energia que não serão cobertos pelo decreto de 7.945/2013, que trata do auxílio às empresas do setor. Segundo avaliação do executivo, os efeitos negativos podem provocar um rebaixamento dos ratings [avaliações de risco de crédito] das distribuidoras em todo o país. 

"Ainda não sabemos todos os efeitos do decreto", afirmou o presidente da Light, durante teleconferência com analistas sobre os resultados da empresa em 2012. Segundo ele, dependendo de como será regulamentado o decreto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pode ser que a Light tenha que assumir os custos dos contratos por disponibilidade com as térmicas até novembro, data da correção das tarifas da companhia. 

"Pode ser que a Light tenha de bancar [esses custos] com caixa que é destinado ao nosso programa de investimentos", ressaltou Pinto. "Esse não é um "privilégio" da Light, atinge todas as distribuidoras. Mas o governo tem demonstrado o maior interesse em dar uma solução", completou o executivo. 

O presidente da distribuidora afirmou também que a companhia está se preparando para uma nova realidade a partir de 2014, quando o Ebitda [lucro antes de juros, inpostos, depreciações e amortizações] deverá sofrer uma redução, devido ao processo de revisão tarifária pelo qual a empresa passará este ano. Pelas regras da Aneel, a taxa de remuneração das distribuidoras no terceiro ciclo de revisões tarifárias está sendo reduzida de 9,95% para 7,5%. 

Com relação à revisão, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Light, João Batista Zolini Carneiro, afirmou que todos os investimentos feitos na rede nos últimos cinco anos (cerca de R$ 2,8 bilhões) são passíveis de inclusão na base de remuneração de ativos pela Aneel. 

Com relação ao índice de perdas - calcanhar de Aquiles da companhia -, o diretor de Distribuição da Light, José Humberto de Castro, afirmou que a empresa investirá R$ 130 milhões no combate ao furto e fraude de energia em 2013. Desse total, aproximadamente R$ 50 milhões serão aplicados nas comunidades pacificadas pelo governo do Rio de Janeiro. 

O índice de perdas não-técnicas da companhia atingiu 45,4% no quarto trimestre do ano passado, com crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao observado em igual período do ano anterior. Segundo Castro, o crescimento foi fortemente influenciado pela temperatura registrada no fim de 2012. Apenas entre novembro e dezembro, a carga na rede da empresa subiu 29% por causa da temperatura. (Valor Econômico)

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