quarta-feira, 4 de março de 2015

Governo amplia empréstimo ao setor elétrico para r$ 3,15 bi

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, informou que na segunda-feira foi realizada mais uma rodada de negociações entre o governo e 12 instituições financeiras, públicas e privadas, para fechar um novo empréstimo de cerca de R$ 3,15 bilhões para as distribuidoras de energia elétrica. A previsão inicial era de R$ 2,6 bilhões.

O dinheiro será usado para a liquidar as parcelas de novembro e dezembro da dívida assumida pelas empresas para comprar energia, principalmente de usinas termelétricas. O governo também está negociando com os bancos a ampliação do prazo de pagamento dos dois empréstimos feitos pelas distribuidoras ano passado, no total de R$ 17,8 bilhões.

Para Nelson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o novo empréstimo será o último necessário. Com isso, o total chegará a R$ 20,9 bilhões.

sem menção a risco de racionamento
Segundo Leite, o atual aumento de tarifa e a criação das bandeiras tarifárias - que desde janeiro aumentam a conta de luz quando é consumida energia proveniente de termelétricas - ajudaram a equilibrar o setor. Além das bandeiras, neste mês, começou a vigorar uma alta média de 23,4% nas contas de luz em função de uma revisão extraordinária autorizada pela (Aneel).

- Este empréstimo é decorrente do fim do ano passado, e houve este incremento de R$ 500 milhões pois, apenas no fim de janeiro, conhecemos os valores de dezembro. A partir de agora a situação está equalizada, não precisaremos de mais aportes neste ano - disse Leite.

Sem fazer qualquer menção aos graves problemas do setor elétrico, a Abradee e a Aneel iniciaram esta semana uma campanha publicitária em rádio, TV e internet para incentivar o consumo consciente de energia e justificar o uso das bandeiras tarifárias. Há ainda uma cartilha que orienta o consumidor a usar o chuveiro elétrico na posição verão, evitar banhos demorados, desligar a televisão enquanto não estiver sendo usada, passar roupas de uma só vez e usar máquina de lavar louça e roupa apenas quando estiverem cheias. Outras dicas são preferir iluminação natural, pintar a casa com cores claras, trocar lâmpadas incandescentes por fluorescentes, e apagar a luz quando deixar o ambiente.

Não há menções ao risco de um racionamento de energia e de água, em função da falta de chuvas e dos equívocos do governo ao lançar em 2012 um programa de redução dos preços da energia, que acabou provocando distorções no setor. Uma outra campanha está sendo finalizada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e pelo ministério para estimular o consumo inteligente. Deverá ir ao ar dentro de 10 dias.

Para especialistas, no entanto, as campanhas chegaram tarde demais.

- O consumo consciente tinha de ser incentivado antes, e temos que ter cuidado com o que será divulgado. Vemos muitas vezes campanhas indicando que não se deixe os aparelhos em stand-by e isso pode não trazer economia relevante e ainda colocar em risco aparelhos que podem oxidar se ficarem sem a corrente elétrica mínima. Para saber se vale a pena tirar da tomada é preciso ver se, no stand by, o aparelho esquenta: se sim, há desperdício, como, por exemplo, nos aparelhos de TV a cabo - explica Roberto D"Araujo, do Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Elétrico (Ilumina).

Dica para o ar-condicionado
Luiz Pinguelli Rosa, da Coppe/UFRJ, também acredita que a campanha veio tarde e afirma que ela deve ser focada em novos hábitos de consumo:

- Uma ação que pode ter um impacto muito grande é aumentar um pouco a temperatura do ar-condicionado. Você pode continuar confortável com uma temperatura de 25 graus, mas gastando a metade do que seria necessário para deixar o ambiente a 20 graus - conta.

Para Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), o alerta à população deveria ter começado em 2012 e o governo deveria obrigar os fabricantes de aparelhos eletroeletrônicos a ter produtos cada vez mais eficientes. (O Globo)
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