quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Governo prepara leilão de usinas termelétricas a gás no Sudeste

O governo vai adotar uma medida emergencial para reforçar a geração de energia elétrica na região Sudeste no médio prazo. Autoridades do setor estão preparando a realização de um leilão para contratar, ainda este ano, novas termelétricas a gás natural de partida rápida. A meta é ter essas usinas instaladas nas principais capitais de consumo, como Rio, São Paulo e Belo Horizonte, com prazo de cerca de um ano e meio para construção. Elas aumentariam a capacidade de atendimento no Sudeste nos períodos de pico de demanda, como nas tardes de verão.

Essas usinas deverão ser instaladas com tecnologia de turbinas aeroderivadas, que são acionadas mais rapidamente e podem responder nos momentos de carga mais elevada. O governo ainda não tem uma meta de capacidade a ser contratada e articula uma via rápida para conseguir licenças ambientais, mas já definiu que a instalação deverá ocorrer nas metrópoles para evitar riscos de perdas e demais contratempos com a transmissão energética por grandes distâncias.

- Devemos fazer um leilão de capacidade de reserva este ano, com termelétricas de partida rápida para atender à ponta, justamente para prevenir uma situação como a atual - disse uma fonte do governo.

leilão com Restrição de uso
Segundo a fonte, a região Norte, onde tem ocorrido a expansão recente das hidrelétricas, não tem como enviar ao Sudeste mais do que 5 mil megawatts (MW) médios de energia. E, no Sudeste - principalmente em bacias dos rios Parnaíba e Grande, com a maior parte da geração -, perdeu-se mais de 15 mil MW de capacidade com a seca recente nos reservatórios, por causa da redução de quedas d"água que acionam as turbinas. A região Sul, incluindo Itaipu, e a Argentina têm enviado ao Sudeste o limite de energia que poderiam.

- Não faz sentido fazer uma nova interligação (entre Norte e Sudeste) só para a atender à ponta (de consumo). Seria muito caro. Mas o que qualquer país do mundo faz é colocar uma termelétrica mais perto dessas áreas para esses momentos extremos.

Há duas semanas, depois do apagão de 19 de janeiro, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou um pacote de medidas para reforçar em 1.500 MW médios o atendimento de energia ao Sudeste. Isso incluiria acelerar a manutenção de 867 MW de usinas termelétricas da Petrobras na região e desligar linhas de transmissão entre Nordeste e Sudeste, para aumentar o fluxo de energia do Norte para o Sudeste em 400 MW.

Nesse leilão de reserva de termelétricas, o governo contratará pela primeira vez energia com restrição regional, um pleito histórico do setor, tendo em vista a diferença de custos de cada submercado. Segundo fonte do governo, serão contratadas usinas de porte relevante, com capacidade de centenas de megawatts.

A ideia de fazer um leilão de termelétricas a gás natural agora também tem relação com a conjuntura de preço mais baixo do petróleo e de seus derivados no mercado internacional, o que reduziria o preço de geração desta energia. Essas usinas também são as menos poluidoras entre as térmicas. Como mostrou O GLOBO no último domingo, as termelétricas estão ajudando no suporte de energia nos horários de pico e trabalham ininterruptamente há mais de um ano e meio, sendo que foram contratadas para operar apenas esporadicamente. Por isso, têm tido mais paradas para manutenção. (O Globo)
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