Uma falha no sistema de transmissão de energia elétrica e o alto consumo no início da tarde em razão do calor causaram o apagão que atingiu ao menos dez Estados e o Distrito Federal na tarde desta segunda-feira (19).
Por volta das 15h, várias cidades do país tiveram cortes seletivos de luz. que duraram em média uma hora e meia. Foram atingidos os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
Segundo a Folha apurou, a falha no sistema ocorreu pelo elevado nível de consumo devido ao calor intenso. A demanda teria sobrecarregado o sistema, que teve de ser desligado para evitar o risco de um apagão de maiores proporções e com mais dificuldades para o religamento.
Quase quatro horas depois dos cortes no fornecimento, o ONS soltou uma nota sucinta que não esclareceu completamente o que ocorreu.
Informou que "restrições na transferência de energia das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste, aliadas à elevação da demanda no horário de pico, provocaram a queda da frequência elétrica" do sistema, causando o desligamento automático de 11 usinas geradoras de energia no país, que produzem um total de 2.200 MW (megawatts).
A maior das unidades desligadas foi a usina nuclear de Angra 1, com 640 MW de capacidade, e que até a conclusão desta edição não havia sido religada.
O ONS informou que, "visando restabelecer a frequência elétrica às suas condições normais", atuou em conjunto com as distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, "impactando menos de 5% da carga do sistema".
MINISTRO - O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) afirmou que houve queima de um capacitor na linha de transmissão Norte-Sul, de Furnas.
Isso ocorreu em momento de pico de consumo no Sudeste. Ao mesmo tempo, houve alteração de frequência na rede da região, por motivo ainda incerto.
Braga disse que o problema não ocorreu devido à demanda dos usuários.
"O pico de consumo houve; no entanto, se não tivesse havido esse problema técnico, não teria tido [o apagão]. Esse pico de consumo aconteceu na semana passada todos os dias e não tivemos problemas."
O ONS informou que a determinação para que haja cortes no fornecimento de energia "eventualmente acontece", mas o órgão não soube informar se já ocorreu um desligamento como o de ontem.
Especialistas no setor afirmam que, quando o sistema está no limite, como é o caso, falhas ocorrem com maior frequência e descontrole.
"Não foi coincidência que isso não ocorreu às 3h da madrugada, quando o sistema está mais aliviado, e, sim, às 15h, durante o pico de calor", afirma Cristopher Vlavianos, presidente da comercializadora Comerc.
Segundo o empresário, restrições de linha podem acontecer por estresse do sistema. "A verdade é que, se houvesse a falha numa situação de nível de reservatórios normais, o resultado seria totalmente diferente", diz.
ATINGIDOS - Pelo menos 2,8 milhões de clientes foram atingidos pelo apagão em todo o país.
Na Eletropaulo, que fornece para a capital paulista e chegou a cortar 700 MW de sua energia distribuída, 854 mil unidades consumidoras foram atingidas, ou 2 milhões de pessoas.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) considera que 1 MW é suficiente para abastecer uma residência durante um mês.
Na Light, que distribui para a capital do Rio, o corte foi de 500 MW, enquanto na Ampla, que atende a região metropolitana fluminense, foi de 100 MW, com 180 mil clientes de 13 cidades atingidos.
O forte calor que atinge principalmente a região sudeste tem feito, desde o verão passado, com que o pico de consumo de energia no país seja registrado no meio da tarde, entre as 14h30 e as 15h30, e não mais à noite.
As altas temperaturas e o comércio a todo vapor têm feito disparar o uso do ar-condicionado nas cidades brasileiras. (Folha de S.Paulo)
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