sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Distribuidoras podem apresentar contratos do leilão de ajuste na RTE

O leilão de ajuste desta quinta-feira, 15 de janeiro, não trouxe nenhuma surpresa na visão dos agentes do setor em termos de preços. O grande trunfo que as distribuidoras terão a partir de agora é a possibilidade de incluir esses contratos fechados no certame na revisão tarifária extraordinária prevista para o mês de fevereiro. Segundo as contas da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, os 2,1 GW médios negociados deverão entrar no cálculo da revisão e evitará um impacto de R$ 4,1 bilhões sobre o caixa das concessionárias no primeiro semestre

Contudo, disse o presidente da entidade, Nelson Fonseca Leite, ainda é preciso encontrar uma solução para cerca de R$ 3,6 bilhões restantes que representam a exposição involuntária do setor. Segundo as estimativas da Abradee as concessionárias estariam este semestre com a necessidade de contratar 4 GW médios, o que em teoria leva a uma exposição de 1,9 GW médios como saldo no primeiro semestre.

“A vantagem desse leilão é que tendo os contratos em mãos as distribuidoras têm condições de já ter esses valores considerados na RTE”, afirmou o executivo, lembrando que as empresas teria que arcar com o custo dessa exposição involuntária caso não houvesse o leilão na CVA, pois a cobertura tarifária média está na casa de R$ 140/MWh. Sendo assim, as concessionárias teriam que segurar um valor de R$ 248/MWh até o processo de reajuste tarifário anual.

Na avaliação do professor Nivalde de Castro, coordenador do Gesel-UFRJ, a realização do leilão de ajuste foi uma solução inteligente para que as empresas pudessem levar esse custo já à RTE do mês que vem. “O mais importante disso tudo é que temos a perspectiva do realismo tarifário. As distribuidoras assim já podem realizar os ajustes para não ficarem com um problema de caixa tão grande quanto o que vimos nos dois últimos anos”, avaliou o acadêmico, que considerou ainda o certame positivo também para os vendedores.

Essa impressão é confirmada pelo presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos. A empresa que comanda negociou 37 MW médios. Para ele, quem fechou contratos nesse leilão fez um bom negócio. Isso porque com o alto volume de energia sazonalizada, os valores para o mercado livre não sairiam desse patamar médio. Na avaliação do executivo, o que ocorreu neste certame já era esperado. Afinal, a demanda alta e a oferta restrita de energia levariam os preços ao patamar que aguardava ao final do leilão. Segundo sua avaliação, nenhum dos dois lados imaginava que os valores negociados fossem diferentes.

Para o diretor da Aneel, André Pepitone da Nóbrega, o resultado do certame ajuda as distribuidoras a atenderem as necessidades de seus mercados. Ele destacou que qualquer valor abaixo do PLD já resulta em uma economia para o consumidor, mesmo com um valor de energia tão próximo ao teto do PLD máximo deste ano. (Agência Canal Energia)
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