segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Térmicas a gás dominam leilão da Aneel

Depois de três anos, as térmicas à gás voltaram a vencer um leilão de energia. Ao lado das termelétricas movidas a carvão, concentraram 68% dos 4.980 megawatts (MW) de energia comercializados no 20º leilão de energia nova (A-5), realizado na sexta-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sozinhas, foram responsáveis por 61,5% do total. A companhia gaúcha Bolognesi é responsável por dois dos três projetos a gás vencedores. Ela vai construir uma usina no complexo portuário de Suape, em Pernambuco, e outra no Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Em ambas, o gás natural que será utilizado deverá ser importado em navios na forma de GNL (gás liquefeito). Usadas como paliativo para garantir o abastecimento de energia por conta da seca que esgotou os reservatórios brasileiros, as usinas térmicas ganham cada vez importância, apesar do esforço na busca por fontes renováveis. Para se ter uma ideia, as hidrelétricas não receberam nenhuma oferta, embora sejam responsáveis por 70% da energia gerada no Brasil.

Segundo o diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Carlos de Miranda Farias, as térmicas não apenas dão segurança ao sistema energético brasileiro, como permitem a participação maior das fontes de energia renovável no sistema. "Uma fonte eólica, por exemplo, pode falhar se não houver vento. Nesse caso, as térmicas assumem instantaneamente a geração. Essa é a estratégia para dar segurança ao sistema energético brasileiro", afirmou Miranda. Operado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CEEE), o leilão de sexta-feira terminou após pouco mais de uma hora e 40 minutos, coma viabilização de 51 projetos, alcançando R$ 114,5 bilhões. "Foi o maior montante financeiro já alcançado em um leilão de energia nova", afirmou o diretor da Aneel André Pepitone da Nóbrega.

O executivo afirmou que a energia contratada irá suprir a demanda projetada de 38 concessionárias de distribuição de energia a partir de 2019. O destaque entre as fontes renováveis, que concentraram 31,7% do total negociado, ficou com o desempenho da fonte eólica, com 36 projetos contratados. Também foram negociadas oito termelétricas a biomassa e três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). O preço médio do leilão foi de R$ 196,11/MWh, um deságio de 1,72%, correspondendo a uma economia de R$ 2 milhões. Assim como as grandes hidrelétricas, os empreendimentos de energia solar também não tiveram oferta. Para o diretor da EPE, um dos motivos para a falta de oferta para hidrelétricas pode ser a estiagem que o país enfrenta. "A falta de oferta para hidrelétrica pode ser explicada por uma postura mais conservadora por parte do investidor, já que há muita indefinição sobre a evolução do quadro hídrico os próximos anos", disse. Início de 2015 deve ter outros cinco leilões de energia

O leilão de sexta-feira foi o último de 2014. Mas o governo trabalha com a expectativa de realizar ao menos cinco leilões no primeiro semestre de 2015, segundo a chefe da Assessoria Econômica do Ministério de Minas e Energia (MME), Marisete Pereira. Segundo a executiva, o objetivo do Ministério é realizar um leilão de ajuste já em janeiro de 2015, e mais quatro concorrências ao longo do primeiro semestre. "Devemos realizar um leilão de ajuste no primeiro semestre para atender à demanda das distribuidoras por conta das concessões que vencem entre janeiro e junho. Além desse, devemos ter um A-3 e um A-5, e o o leilão de fontes alternativas já agendado para abril", afirmou. André Pepitone, da Aneel, aproveitou para fazer um balanço dos negócios e disse que 2014 foi o ano em que mais se agregou energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Até 15 de novembro, foram 6.323 MW de potência instalada. "Nossa expectativa é agregar mais 1.200 MW até 31 de dezembro. De 2004 a 2014, estamos ampliando em 3,86%em termos de potência instalada". (Brasil Econômico)
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