quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Socorro de r$ 17,8 bi do governo às distribuidoras de energia acabou

As distribuidoras de energia enfrentarão um quadro de inadimplência inevitável, segundo a Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), se o governo não adotar uma nova medida para cobrir um rombo estimado em cerca de R$ 3 bilhões até o fim do ano. Na semana passada, praticamente se esgotou o colchão financeiro do empréstimo de R$ 17,8 bilhões intermediado pelo governo federal com bancos para fazer frente às despesas das distribuidoras, de R$ 1 bilhão por mês. O governo havia articulado esse empréstimo diante da incapacidade do Tesouro Nacional de fazer novos aportes ao setor.

Até o mês de outubro, cuja liquidação financeira foi esta semana, já foram consumidos R$ 17,494 bilhões do empréstimo tomado pelas distribuidoras, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O governo não vem acenando com um novo empréstimo ou com mais aportes do Tesouro, como ocorreu no início do ano.

Sem uma nova fonte, as distribuidoras terão de dispor de recursos próprios para arcar com os gastos referentes ao elevado custo da energia elétrica ao longo deste ano e à escassez de contratos de geração, devido ao baixo volume de chuvas. Na avaliação dessas companhias, os valores de receitas dados pelas tarifas não cobrem as dívidas.

- Como estamos falando de despesas adicionais (às distribuidoras) superiores a R$ 1 bilhão (por mês), a inadimplência setorial será inevitável. O fato é que a cobertura tarifária atual é insuficiente para arcar com essa despesa - disse Marco Antônio Delgado, diretor da Abradee.

O pagamento desses valores, segundo a Abradee, poderia comprometer investimentos na qualidade da rede, o pagamento de financiamentos e o recolhimento de impostos federais. Muitas dessas empresas têm capital aberto na Bolsa de Valores. Procurado, o Tesouro não se manifestou sobre a demanda das empresas.

diminui o risco de apagão
Ontem, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) avaliou como menor o risco de déficit (apagão) de energia em 2015 na região Sudeste/Centro-Oeste, a mais importante do país. Em outubro, esse risco era de 5% - o teto tolerado pelo governo - e caiu a 4,2% com a atualização dos dados. No Nordeste, o risco recuou de 0,7% para 0,3%.

Em nota à imprensa, o CMSE voltou a defender que o sistema elétrico está "estruturalmente equilibrado" e destacou que, em 2014, já entraram em operação 6.494 megawatts (MW) em novas usinas, além da meta de 6.000 MW definidos anteriormente pelo governo. (O Globo)
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