quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Sócios devem injetar R$ 1,95 bilhão para resgatar usina de Santo Antônio

Os acionistas da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho (RO), vão investir na companhia R$ 1,95 bilhão para o pagamento de dívidas com o mercado de curto prazo e com o consórcio construtor, segundo a Folha apurou.

Se um depósito de R$ 860 milhões não for feito na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) até a próxima terça (9), a empresa poderá perder a licença de operação da usina.

Os sócios devem investir valor correspondente à sua participação. Segundo essa lógica, a Furnas contribuiria com 39% do valor total, a Odebrecht, com 28,7%, a Andrade Gutierrez, com 12,4%, a Cemig, com 10%, e o FI-FGTS, com os 9,9% restantes.

"Furnas já comunicou formalmente à Santo Antônio que irá realizar o aporte referente à sua participação na sociedade [39%]", disse a empresa em comunicado.

Oficialmente, Furnas afirma que o pedido feito pela Santo Antônio Energia --empresa que gere a usina, da qual ela é acionista-- foi de R$ 850 milhões no total, valor que seria suficiente para pagar apenas a dívida no mercado de curto prazo.

A Folha, no entanto, apurou que a injeção será maior.

A Odebrecht também confirmou que realizará investimento, sem revelar o valor.

"A Odebrecht confirma a decisão de efetivar o aporte imediato do seu quinhão para assegurar a retomada das obras e foi informada de que os sócios farão o mesmo."

Segundo a companhia, os sócios estão aguardando o julgamento de recursos que estão no Superior Tribunal de Justiça e na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para definir o valor exato que será preciso investir.

As ações tentam postergar o cronograma de entrega da usina, o que a isentaria de arcar com os prejuízos no mercado de curto prazo.

A dívida da Santo Antônio com esse mercado aconteceu porque a usina não conseguiu gerar toda a energia que havia se comprometido a entregar, e precisou comprar a diferença.

Até o início de agosto, Santo Antônio detinha duas liminares que a isentavam de honrar essas obrigações. No entanto, ambas caíram e agora a empresa precisa pagar o acumulado desde abril, a não ser que obtenha decisões favoráveis nos recursos.

Andrade Gutierrez, Cemig e FI-FGTS também confirmam investimentos, conforme apurou a reportagem.

Por meio de sua assessoria, a Santo Antônio Energia afirmou que ainda não há definição sobre a injeção de recursos, porque ela depende de uma decisão dos acionistas em assembleia-geral extraordinária.

Com o investimento maior, será possível pagar também ao consórcio construtor, que há duas semanas ameaçou paralisar as obras, após a interrupção dos pagamentos por parte da Santo Antônio.

A primeira etapa da usina já está praticamente concluída. Foram instaladas 32 turbinas, sendo que a última ainda está em fase de teste. O que falta para a conclusão são estruturas para operação e manutenção da usina. Outras 18 turbinas da segunda etapa só devem entrar em operação em 2016. (Folha de SP)
Leia também:
Aneel avalia dar mais prazo a Santo Antônio
Governo adia leilão de energia para novembro
Riscos e oportunidades no setor energético sob Marina