terça-feira, 23 de setembro de 2014

Especialistas temem racionamento de energia em 2015

Além da queda significativa nos níveis dos reservatórios — que ameaçam o abastecimento de água da Grande São Paulo e de cidades no Rio de Janeiro e em Minas Gerais — o volume de energia disponível pode ser menor do que se pensa, ampliando o risco de racionamento em2015. O alerta é do ex-diretor da Cesp e especialista no setor elétrico Antônio Bolognesi, que afirma que algumas empresas geradoras estão dando como garantia física um volume maior do que podem ofertar. “Sei que há usinas que geram abaixo da energia assegurada e isso acaba distorcendo as informações”, disse, durante o seminário “Cenários da água e da energia”, promovido pela consultoria GO Associados na semana passada. Os motivos para o descasamento vão desde o fato de a usina não ter a eficiência que deveria ao aproveitamento hidrológico não ser o previsto. 

Por isso, diz ele, independentemente de quem vença as eleições, será necessário discutir mudanças no sistema elétrico. Bolognesi cita um estudo da Consultoria PSR, feito no início deste ano, que já apontava a necessidade de se fazer um racionamento entre 8%e 10%do consumo total no primeiro semestre de 2014: “Se tivermos em2015 um ano com precipitação média, é possível passar sem necessidade de racionamento. Caso contrário, se a estiagem se mantiver, pode, sim, ter racionamento. Mas aí, pode ser necessário economizar acima de 10%”. Professor da Agência de Inovação da Universidade Federal do ABC, Armando Franco, acrescenta que o fato da economia estar com desempenho muito fraco também contribui. 

“O que acontece é que a nossa economia está crescendo muito pouco: isso diminui a demanda e segura os problemas. Caso estivéssemos com a demanda como em 2010 e 2011, seria catastrófico”, disse. Segundo Armando, os reservatórios estão no mesmo nível de 2001, ano do racionamento. “Não tivemos racionamento em 2014 porque a evolução do consumo ficou abaixo do esperado. Além disso, a dependência da energia das hidrelétricas diminuiu porque agora há fontes alternativas.” Ele lembra que em 2001, a oferta de energia hidrelétrica era de 80%, e neste ano é de 67%, com o restante sendo atendido principalmente por termoelétricas. (Brasil Econômico)
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