quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Participação de eólicas em leilão de energia A-5 é incerta

Os preços-teto aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para o próximo leilão A-5, que negociará contratos para início de fornecimento de energia em 2019, sinalizaram claramente a disposição do governo federal de aumentar a atratividade das concessões para os investidores do setor.

Para a fonte eólica, considerada a “menina dos olhos” do governo, a autarquia elevou em 13% o preço-teto para o leilão — R$ 137 por megawatt-hora (MWh), frente ao valor proposto no certame passado (R$ 122/MWh). O estímulo, porém, pode hão surtir o efeito esperado.

O problema é a proximidade do leilão A-5, marcado para 30 de setembro, com a realização do leilão de energia de reserva (LER), que está previsto para 31 de outubro, quando serão negociados contratos para início de fornecimento em outubro de 2017. Além ter uma parcela de negociação de energia exclusiva para projetos eólicos, o leilão de reserva tem regras mais amigáveis e penalidades menos pesadas para o investidor.

O fiel da balança será o preço-teto que o governo irá propor para a fonte eólica no leilão de reserva. Apesar de elogiar o preço-teto aprovado pela Aneel, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, admitiu que a indefinição dos preços-teto para o leilão de reserva antes do A-5 pôde afetar a decisão do investidor com relação ao leilão de setembro.

Questionado sobre a possibilidade de alguns investidores do setor de eólicas desistirem do leilão A -5 para tentar vender energia no certame de outubro, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, respondeu: “Não sei. Cada eólica tem uma decisão diferente. Ainda não discutimos o leilão de reserva”. Segundo ele, a estatal ainda não estudou os preços para esse certame.

Nos bastidores do Brazil Windpower 2014, evento de energia eólica realizado no Rio de Janeiro, alguns participantes do mercado comentavam sobre a possibilidade de o governo adiar o leilão A-5. O motivo seria o risco de contratar grande volume de energia de fonte fóssil, como gás natural e carvão, em detrimento de fontes renováveis, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial, em 5 de outubro. (Valor Econômico)
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