terça-feira, 12 de agosto de 2014

Distribuidoras arrecadariam R$16,5 bilhões com bandeiras tarifárias

As distribuidoras de energia poderiam arrecadar R$16,5 bilhões até 2015 com a aplicação das bandeiras tarifárias, sendo R$9,6 bilhões neste ano e R$6,9 bilhões no ano seguinte. A análise é de levantamento realizado pela Comerc Energia sobre o sistema que estava previsto para entrar em operação em janeiro de 2014, mas foi adiado pelo governo.

O estudo mostra que haveria predominância de bandeira vermelha em praticamente todos os submercados (Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte) até abril de 2015, com bandeira amarela vigorando daí em diante, em todas as regiões, até o fim do próximo ano. A bandeira amarela indica condições menos favoráveis, e a tarifa sobe R$1,50 a cada 100 kWh consumidos; e a vermelha indica condições mais custosas de geração, com a tarifa subindo R$3 a cada 100 kWh consumidos. A bandeira verde não prevê alteração na tarifa.

Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, explica que os valores adicionais que os consumidores pagariam nas bandeiras vermelha e amarela estão relacionados ao despacho das termelétricas em períodos de hidrologia desfavorável. “Se chover no restante deste ano e no ano de 2015, a hidrologia seria mais favorável, com menor dependência das termelétricas e os valores arrecadados com as bandeiras seriam bem inferiores ao cálculo de R$16,5 bilhões”, destaca. “Mas não é possível fazer uma previsão meteorológica no longo prazo”, acrescenta.

Na avaliação de Vlavianos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), ao adiar a vigência das bandeiras tarifárias, perdeu a oportunidade de dar um sinal de preço mensal ao consumidor sobre as condições de geração no País, o que o faria reagir às bandeiras vermelha e amarela com um consumo mais consciente de energia em casa. “Além disso, se estivesse em vigor, o sistema de bandeiras arrecadaria recursos que minimizariam boa parte da necessidade do caixa das distribuidoras, evitando a situação atual, em que o governo precisou recorrer aos bancos para levantar empréstimos de R$ 18 bilhões”, conclui.

Para estimar as bandeiras, a Comerc utilizou os valores de Custo Marginal de Operação (CMO) divulgados pela Aneel entre janeiro e agosto de 2014 e os valores previstos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de setembro de 2014 a julho de 2015. Daí até dezembro de 2015, a Comerc estimou o valor do CMO como o de julho de 2015. Para calcular o montante que seria arrecadado pelas distribuidoras, a comercializado utilizou os dados de consumo de energia disponibilizados pela agência entre janeiro e maio de 2014; de junho deste ano a dezembro de 2015, o consumo foi estimado considerando uma taxa de crescimento de 3,5% ao ano, valor ligeiramente inferior à projeção de consumo feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de 4% ao ano. (Jornal da Energia)
Leia também:
Distribuidoras devem receber nova parcela de R$ 1,8 bi amanhã
Demanda termelétrica por gás cresceu 11% no segundo trimestre
Sai autorização para Tesouro garantir operação destinada à Eletrobras