quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Crédito para a energia solar

Repetindo a experiência de incentivo à indústria de geração de energia eólica, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma linha especial de crédito para estimular a nacionalização da produção de equipamentos do sistema fotovoltaico, progressivamente, num prazo de seis anos. O financiamento é voltado aos investidores com projetos de geração de energia elétrica por fonte solar que vencerem o Leilão de Energia de Reserva, previsto para 31 de outubro. A concorrência conta com 400 projetos cadastrados só de matriz solar, que somam uma oferta total de 10.789 megawatts. O programa de nacionalização progressiva é um dos grandes diferenciais desse financiamento do BNDES. Ele prevê a aplicação de um índice de conteúdo local variável ao crédito, a ser aplicado em momentos diferenciados — de 2014 a 2017, de 2018 a 2019 e de 2020 em diante.

Assim, quanto mais o fabricante conseguir agregar na construção da central de energia solar insumos produzidos no Brasil, maior será o percentual de financiamento do banco e as condições de apoio também serão melhores. Segundo o BNDES, todo o investimento associado ao parque solar será financiado. As modalidades de crédito serão o BNDES Finem — linha tradicional de financiamento a investimentos, com custo financeiro de TJLP, atualmente em 5% ao ano — e o Fundo Clima — Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, que tem custo financeiro mais baixo, de 0,1% ao ano.

O custo final para o tomador também inclui a remuneração básica do BNDES (1,0% ao ano), a taxa de risco de crédito (que varia de 0,4% a.a a 2,87% a.a, de acordo com o risco do cliente), taxa de intermediação financeira (0,5%a.a, exceto para micros, pequenas e médias empresas, que são isentas) e a remuneração do agente financeiro, em caso de operação indireta. O teto de utilização de recursos do Fundo Clima será de 15%do valor do módulo, ou do sistema fotovoltaico. Para os recursos do Finem, o limite será de 65%. "Além de contar com taxas atraentes, o banco quer fazer com que se prolifere a indústria de energia solar no país, visto que quanto mais conteúdo local for utilizado pela empresa no desenvolvimento dos projetos de energia solar, mais facilidade na aquisição de crédito ela vai ter e a taxas melhores", diz o diretor executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Jr. Hoje, a produção de painéis fotovoltaicos, base da geração de energia elétrica por fonte solar, é feita especialmente pela Alemanha, China, Espanha e Estados Unidos.

Roberto Barbieri, assessor da diretoria de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), diz que hoje o país conta com apenas um fabricante de painéis fotovoltaicos, mas há vários outros empresários que estão esperando esse momento que se aproxima via leilão para fazer a produção de módulos no Brasil. "O BNDES fez uma boa metodologia que permite que a nacionalização seja feita num prazo razoável. Se as usinas não acontecerem, e o mercado não deslanchar, é porque não houve demanda", avalia Barbieri. Para ele, é preciso que o governo gere no mercado a certeza de demanda, por meio de leilões regulares que sustentem a cadeia. "Num primeiro leilão, não dá para trazer fabricantes de fora para que se instalem no país e nacionalizem suas peças ", afirma. (Brasil Econômico)
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