terça-feira, 5 de agosto de 2014

Contratos de energia expirados para 2015 preocupam indústria

O volume de grandes consumidores industriais que ainda não têm contratos de energia fechados para o ano que vem preocupa o setor. A estimativa é que 30% do consumo do mercado livre esteja descontratado em 2015, de acordo com João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia, com base nos padrões de con- tratos do setor em geral publicados pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).

A média de descontratação em viradas de anos costuma ser de 15%. De acordo com Mello, porém, o que preocupa para o próximo ano são os altos preços esperados.

"Essa quantidade é importante pois há grandes cargas sendo recontratadas em 2015. Mas se criou uma situação de oferta reduzida. A renovação das concessões e a meteorologia minguaram a oferta de energia em 2015. Será um ano em que ninguém gostaria de estar descontratado", diz.

O receio é maior entre os eletrointensivos, indústrias que têm na energia elétrica uma parte muito significativa de seus custos, como o setor metalúrgico.

Sem contrato, as empresas ficam sem garantia de suprimento de energia a um preço predefinido e acabam expostas à oscilação de preço do mercado à vista, que nesta semana gira em torno de R$ 800 o megawatt-hora. Em agosto de 2013, sem crise meteorológica, era cerca de R$ 160.

Parar a produção e recorrer a importações são possibilidades cogitadas por empresários do setor. Mesmo para quem já tem energia contratada, vendê-la pode ficar mais interessante do que manter a produção. Em julho, a fábrica da Italmagnésio Nordeste (MG) teve o fornecimento interrompido e chegou a parar.

"Temos informações de grandes grupos que vão estar descontratados. É um impacto direto na produção e na competitividade", diz Mello.

Segundo a Abrace, que reúne os grandes consumidores industriais, "a liquidação da energia no mercado de curto prazo é consequência conjuntural e não fruto de decisões oportunistas relacionadas à energia".

SHOPPINGS E HOTÉIS - Entre shoppings, hotéis e pequenas indústrias que fazem parte do mercado livre, mas têm consumo proporcionalmente menor, também há um alerta. Cerca de 80% dos associados da Anace (entidade que reúne o grupo) têm contratos com vencimento entre 2015 e 2017. "A renovação preocupa. Um de nossos associados já desligou a operação e demitiu funcionários", diz Carlos Faria, presidente da Anace. A CCEE informa que não pode afirmar de quanto será a descontratação exata pois os contratos são fechados entre consumidores e geradores ou comercializadoras.

Sem pagamento de óleo, térmicas são afetadas 
A decisão da Petrobras de suspender o fornecimento de óleo combustível para a Eletrobras por uma dívida de R$ 850 milhões afetou o funcionamento de ao menos duas térmicas no Norte no fim de semana. O fornecimento está suspenso desde sexta-feira, depois de a Petrobras ter avisado que, a partir daquele dia, só venderia óleo às térmicas da Eletrobras à vista, devido ao débito. O boletim do ONS (Operador Nacional de Sistema Elétrico) não relata interrupção no fornecimento. Segundo a Eletrobras, a suspensão no envio de óleo não trouxe prejuízos ao abastecimento de luz da região, pois a carga não gerada foi compensada por outras usinas e por energia vinda de outras regiões do país, às quais o Norte está sendo conectado. (Folha de S.Paulo)
Leia também:
Agência prevê reajuste maior de energia
Hidrelétricas terão gasto extra de R$ 15,8 bi
Distribuidoras terão de pagar R$ 300 mi do bolso
Financiamento ao setor elétrico está praticamente fechado
Preço da energia volta a disparar com menor previsão de chuvas