sexta-feira, 18 de julho de 2014

Novo empréstimo para distribuidoras não passa de R$ 3 bilhões, diz Lobão

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quinta-feira (17) que pode chegar a R$ 3 bilhões o valor do novo empréstimo que o governo negocia junto a bancos para pagar o custo extra com o uso mais intenso das termelétricas e a compra, pelas distribuidoras, de energia no mercado à vista, onde ela é mais cara.

"[A nova parcela do empréstimo] não será além disso, de R$ 3 bilhões", disse Lobão ao G1, ao chegar ao Itamaraty, em Brasília, onde acontece almoço em homenagem ao presidente da China, Xi Jinping.

Lobão disse ainda que a negociação com os bancos está sendo feita pelo Ministério da Fazenda, com acompanhamento do Ministério de Minas e Energia. E que não há outra medida sendo estudada neste momento para bancar o aumento dos custos no setor elétrico. "É só isso que está sendo estudado", disse ele, se referindo ao novo empréstimo.

Questionado sobre o que o governo deve fazer caso haja necessidade de nova ajuda às distribuidoras até o final do ano, o ministro respondeu: "a cada momento com a sua agrura."

Primeiro empréstimo - Em abril, o governo fechou, por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o primeiro empréstimo, de R$ 11,2 bilhões, tomado junto a dez instituições financeiras. Se for fechada a negociação para outros R$ 3 bilhões, o valor total subiria a R$ 14,2 bilhões.

O empréstimo, que faz parte de um plano anunciado em março, foi a solução encontrada pelo governo para socorrer as distribuidoras, que deveriam pagar o custo extra nesse primeiro momento mas alegam não ter caixa suficiente, e evitar aumento ainda maior das contas de luz em 2014.

Entretanto, os R$ 11,2 bilhões - ou R$ 14,2 bilhões, se o novo empréstimo for confirmado - serão repassados às contas de luz de todos os brasileiros a partir de 2015.

Quando anunciou o plano de socorro às distribuidoras, o governo apontou que os R$ 11,2 bilhões seria suficientes para bancar o gasto extra com as termelétricas e a compra deenergia no mercado à vista até o final de 2014. Entretanto, o valor só cobriu a fatura formada entre fevereiro e abril.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que o gasto extra em maio ficou em R$ 1,3 bilhão. Esse valor deveria ser pago até o último dia 11 mas, como o governo ainda não concluiu a negociação para o novo empréstimo e, portanto, não havia recursos para pagá-lo, a Aneel aprovou o adiamento da data de liquidação para 31 de julho.

Esse novo empréstimo de R$ 3 bilhões seria usado, portanto, para cobrir o gasto extra de maio (R$ 1,3 bilhão) e, provavelmente, o de junho, que só será conhecido em agosto. Entretanto, o governo deve ser obrigado a encontrar nova solução para os gastos que devem continuar a surgir até, pelo menos, o final de 2014.

Reservatórios em queda - Desde 2012, o país vem usando suas usinas termelétricas com mais intensidade devido à queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas, que normalmente são responsáveis por quase toda a energia consumida no país. Em 2014, a situação nas represas das principais hidrelétricas do país se agravou devido à estiagem em plena época de chuvas.

Como as termelétricas geram por meio de queima de combustíveis (óleo, gás, etc), o custo dessa energia é maior, e isso acabava levando a aumento das contas de luz. Além disso, a estiagem fez disparar o custo da energia no mercado à vista. A ele recorrem as distribuidoras que não têm sob contrato, a preço fixo, toda a energia que precisam para atender aos seus mercados. (Portal G1)
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