terça-feira, 22 de julho de 2014

Linhas de transmissão serão licitadas antes de usinas

O governo decidiu mudar sua estratégia de licitação de linhas de transmissão de energia e, em alguns casos, vai promover os leilões desses projetos antes mesmo da conclusão das concorrências para a construção das usinas geradoras correspondentes.

Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), essa antecipação dos leilões está sendo feita em áreas do país com grande potencial para construção de usinas.

"Não é uma regra geral. Está focado na questão das eólicas, porque o grande problema que temos tido é com o atraso nas linhas transmissão desses parques", afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.

A mudança de estratégia foi revelada pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Até o momento, o governo selecionou sete projetos de transmissão que ainda não têm as respectivas usinas prontas --dois já foram licitados e cinco que devem ser ofertados ainda neste segundo semestre. Juntos, somam 4.043 km, com investimento previsto de R$ 4,1 bilhões.

De acordo com Tolmasquim, o governo adotava como regra licitar primeiro as usinas eólicas para então, ciente de suas necessidades e localização precisa, iniciar o leilão da transmissão.

Mesmo que esse processo não ocorresse simultaneamente, o objetivo era que as duas obras fossem concluídas e pudessem começar a operar ao mesmo tempo.

Entretanto, como a construção dos projetos de transmissão encontra mais entraves --principalmente na área ambiental--, essas obras sofriam recorrentes atrasos e alguns usinas eólicas acabavam fincado prontas mais cedo que as linhas.

CUSTOS - Com esse descasamento, algumas usinas ficavam prontas sem ter como escoar a energia produzida. "Para evitar isso, nós pegamos todo o nosso banco de dados e levantamos onde há os maiores potenciais para construção de usinas eólicas", explicou Tolomasquim.

Ele reforçou que, para o consumidor, o custo de ter uma linha de transmissão sem atividade é menor do que o de ter uma usina pronta sem ter como escoar sua energia. Nos dois casos, o consumidor paga pelo uso do empreendimento assim que a obra é entregue.

"Não se projeta um sistema para funcionar no máximo. Tanto usinas como linhas de transmissão têm de operar com folga. Esse modelo permite essa folga", afirmou. Por enquanto, o governo planejou a realização desse modelo de leilões para linhas em oito Estados do Nordeste e no Rio Grande do Sul. (Folha de S. Paulo)
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