quinta-feira, 17 de julho de 2014

Gasto extra de elétricas soma R$ 3,6 bilhões em maio

Geradores que forneceram menos do que seus contratos estipulam, distribuidores e consumidores livres que estão consumindo mais energia do que seus contratos definem precisarão pagar R$ 3,58 bilhões pelo uso do mercado de curto prazo em maio.

O gasto extra em maio é menor do que o de abril, quando ficou em R$ 4,8 bilhões. No entanto, só 52% desse valor foi efetivamente pago na liquidação realizada nesta quarta-feira (16).

As distribuidoras estão tendo que comprar energia mais cara porque contratos com geradores se encerraram em 2013 e não foram repostos. No mercado de curto prazo, o valor da energiasegue o Preço de Liquidação das Diferenças, que, em maio, teve valor médio de R$ 686 por megawatt-hora.

Como o pagamento dessa liquidação é rateado entre todas as empresas, aquelas que disponibilizaram energia receberam pouco mais da metade do que teriam em haver.

Cerca de R$ 1,31 bilhão só será pago no dia 31 de julho, conforme decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, na semana passada, postergou a liquidação para evitar problemas de caixa para as distribuidoras.

Em março, toda a liquidação de fevereiro foi atrasada por esse mesmo motivo.

O governo, então, ofereceu um empréstimo de R$ 11,2 bilhões às distribuidoras, montante que já acabou. A expectativa é que haja novo financiamento. Esse custo será repassado às tarifas nos anos de 2015 e 2016.

Outros R$ 271 milhões, referentes à energia que não está sendo entregue pela usina de Santo Antônio, no rio Madeira, também não foram pagos em maio porque a usina possui uma liminar que suspende esse pagamento.

Excluindo esses dois casos, a inadimplência foi de 3,3%, mais baixa do que a observada em abril, de 4%.

Segundo Alexei Vivan, diretor da ABCE, associação que reúne geradoras e transmissoras, o atraso no pagamento às companhias que vendem energia desestabiliza o setor. "Não conseguimos visualizar uma solução definitiva para o deficit das distribuidoras", diz Vivan.

Juliana Yokota, analista da Standard & Poor´s, acredita que o governo voltará a resgatar as distribuidoras e que essa expectativa tem preservado a avaliação delas.

Cristiano Tessaro, diretor da consultoria Camerge, critica as soluções pontuais encontradas pelo governo.

"Algumas dúvidas nos preocupam: até quando esses atrasos serão repetidos? Qual a solução que será tomada para resolução do problema?", questiona.

A Aneel diz que há transparência nas regras do setor.

"Essas normas são debatidas em audiências e consultas públicas, inclusive, com sustentação dos interessados", afirma em nota. (Folha de S. Paulo)
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