quinta-feira, 24 de julho de 2014

Cemig vê como desnecessária ajuda financeira às geradoras de energia

O diretor de Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, disse acreditar que, neste momento, as geradoras de energia elétrica não precisam de uma ajuda financeira do governo federal, a exemplo do suporte recebido pelas distribuidoras.

— Hoje eu não vejo necessidade de se dar um suporte para as geradoras de energia — afirmou Rolla após participação no 16º Encontro Nacional de Relações com Investidores, realizado nesta quarta-feira em São Paulo.

Rolla explicou que as geradoras assumem o risco hidrológico em um mecanismo de garantias físicas conhecido pela sigla GSF e que é calculada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). Quando a geradora produz menos (geração hidráulica menor) do que aquilo que se comprometeu a entregar, a diferença precisa ser comprada no mercado à vista, que está com os preços elevados por conta do baixo nível em diversos reservatório.

— Esse é um risco inerente ao negócio — disse o executivo

A posição de Rolla não é unânime. Especialistas no setor afirmam que as geradoras deveriam ter a GSF reduzida, o que diminuiria o valor a ser comprado no mercado à vista.

A Cemig é uma empresa elétrica integrada, ou seja, atua em diferentes áreas, como distribuição, geração e transmissão.

Sobre o novo empréstimo para as distribuidoras de R$ 6,5 bilhões, Rolla afirmou que ainda não é possível dizer se os recursos serão suficientes para deixar as contas das distribuidoras equilibradas até o final do ano. Isso porque o valor exato dependerá do comportamento do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que é o preço da energia no mercado de curto prazo (à vista) e que atingiu níveis recordes nos últimos meses. Esse valor se somará aos R$ 11,2 bilhões que já foram concedidos em abril.

São esses recursos que serão utilizados para pagar o débito de R$ 1,3 bilhão que as distribuidoras possuem junto à Câmara de Comercialização de Energia (CCEE). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prorrogou o prazo do pagamento para o dia 31 de julho para que a ajuda às empresas seja viabilizada. Se os recursos não forem liberados, Rolla acredita que o governo encontrará alguma outra solução, como uma nova prorrogação.

— O governo vai ter que arrumar uma solução. As distribuidoras não têm esse dinheiro. Esses recursos servem para subsidiar o consumidor. Ao invés do governo cobrar do consumidor, faz o repasse — explicou.

Para o executivo, alguns pontos do setor elétrico no Brasil terão que ser discutidos do ponto de vista técnica e que a situação precisa ser resolvida de uma forma que os custos ao consumidor fiquem razoáveis. (O Globo)
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