terça-feira, 24 de junho de 2014

Térmicas devem assegurar fornecimento de energia no Brasil

A combinação entre o regime hidrológico desfavorável e o avanço das eólicas nos últimos leilões tem levado o governo a adotar uma política de mais contratação de térmicas nos próximos anos. A meta do governo de contratar 7,5 GW até 2018 é um reflexo de que cada vez mais o país deverá focar nessa fonte para assegurar o fornecimento de energia. Essa é a impressão de entidades e até mesmo da agência de classificação de risco Fitch Ratings. 
De acordo com um relatório preliminar, a agência afirmou que o esforço do governo em diversificar a matriz elétrica ao incluir a eólica e as usinas hidrelétricas a fio d´água resultará em uma dependência cada vez maior de usinas que ficam de standby, notadamente as termelétricas.

Esse diagnóstico já foi destacado pelas associações que atuam no setor termelétrico nacional durante a 11ª. Edição do Enase, realizada em maio de 2014. Para a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas, a diversificação é importante, pois cada fonte apresenta complementaridade a outras. Porém, destacou o consultor da entidade, Edmundo Silva, as termelétricas se diferenciam por apresentar um alto grau de despachabilidade, o que proporciona ao Operador Nacional do Sistema Elétrico, recorrer a essas usinas sempre que necessário.

Nesse cenário, estão períodos de estiagem, como o que o país está passando desde o final de 2012, e o aumento das fontes intermitentes, ou ainda, como destacou a Fitch, quando há problemas pontuais na transmissão de energia.

Em decorrência desse aumento da dependência, afirmou a Fitch, é justamente as usinas chamadas de estepe por aqui, ou que ficam em standby, que são utilizadas para suprir a demanda que podem trazer desafios aos produtores de energia. Isso porque seu uso constante, avalia a agência, pode incorrer em elevados custos em função de uma manutenção mais abrangente em seus equipamentos já que estes não foram projetados para funciona por períodos mais prolongados. Contudo, destaca que essas usinas são importantes para atender a demanda por energia no país.

A Abraget destaca que essa importância pode estar calcada na possibilidade de que as UHEs a fio d´água, fontes sazonais e intermitentes podem acarretar em insegurança energética. Isso porque o clima pode, segundo a entidade, levar a perda de regularização de reservatórios e seu deplecionamento mais acelerado, comprometimento das safras e redução de biomassa, além de comprometer a regularidade dos ventos.

O presidente da Associação Brasileira de Geração Flexível, Marco Antônio Veloso, também defendeu as térmicas standby como uma solução rápida para adequar a resposta em caso de problemas. E lembrou ainda que na Alemanha é crescente a adoção de térmicas para compensar o avanço da eólica.

Um dos pontos que podem viabilizar essa nova onda de avanço da térmica no país foi dado com o CVU de R$ 250 por MWh estabelecido pelo governo para o A-5 deste ano. Segundo a avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, com esse aumento em comparação ao do ano passado, a tendência é de que a térmicas retornem aos certames com projetos a biomassa e até mesmo com o gás natural já que esse valor deverá viabilizar até usinas a gás natural com investimentos em terminais próprios de regaseificação de GNL. (Canal Energia)
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