terça-feira, 3 de junho de 2014

Para governo, risco de déficit cai com chuva e preço menor

Com a redução do preço da energia no mercado de curto prazo nesta semana, representantes da cúpula energética do governo sinalizaram ontem que a próxima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), na próxima semana, em Brasília, deverá apontar queda do risco de déficit de energia. O risco de déficit atual admitido pelo governo para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, é de 3,7%.

"A tendência é de ter melhorado o desempenho, à medida que vai se afastando daquele evento extremo que foi janeiro e fevereiro [quando ocorreu um fraco regime de chuvas] e o sistema vai entrando na normalidade. Os patamares de vazões têm sido bem melhores daqueles que ocorreram em janeiro e fevereiro. Houve uma melhora desse quadro e o risco diminui. Isso vai ser apresentado na semana que vem", afirmou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, em seminário sobre energia da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

A redução do preço spot de energia, de R$ 822,83 por megawatt-hora (MWh), na última semana, para R$ 591,81/MWh, nesta semana, indica que, do ponto de vista regulatório, algumas térmicas mais caras, movidas a óleo combustível, já poderiam ser desligadas. A equipe energética do governo, porém, pretende manter todas as térmicas em operação por segurança.

"O modelo indica que até podem ser desligadas algumas térmicas. Nós, por precaução, provavelmente, não vamos desligar. Mas é um sinal de que está melhorando", disse o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.

A expectativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é que o volume de chuvas em junho alcance 83% da média histórica para o período, no Sudeste/Centro-Oeste. Com isso, e considerando os ajustes na política de operação do sistema, o órgão espera chegar ao fim do mês com 36,1% de armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas das duas regiões. Os ajustes visam priorizar os estoques em usinas nas cabeceiras dos rios Grande, Paranaíba e São Francisco.

"Maio e junho continuam com intensidade de chuva na região Sul e chuvas próximas à média na região Sudeste. Mas enquanto isso não se configurar, não estamos contando com isso para o cenário operativo", disse o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp.

Questionado por jornalistas sobre o risco de faltar energia durante a Copa do Mundo, o secretário Zimmermann reafirmou que o suprimento de energia está garantido até o fim de 2015.

No seminário da FGV, Zimmermann e Tolmasquim mantiveram a estratégia do governo de diferenciar a situação atual do sistema elétrico brasileiro com a de 2001, quando foi decretado um racionamento de energia.

Zimmermann admitiu que o governo continua trabalhando com risco de déficit, mas reafirmou que o sistema está equilibrado estruturalmente. "Não há risco de racionamento enquanto houver equilíbrio do sistema. Em 2001 esse equilíbrio não existia".

"Se eu faço um racionamento sem ser necessário, crio consequência [ruim] sobre o PIB, que se reflete na sociedade. Mas se eu demorar a fazer [o racionamento] também há impacto para a sociedade", defendeu. "O governo toma suas decisões em cima da técnica e da experiência que já tem para operar sistema hidrotérmico", completou o secretário-executivo do MME. (Valor Econômico)
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