quarta-feira, 4 de junho de 2014

Governo confirma que estuda possível ampliação do empréstimo de bancos a distribuidoras

O governo federal analisa uma ampliação do empréstimo de 11,2 bilhões de reais de um grupo de bancos às distribuidoras de energia, disse nesta terça-feira o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, confirmando reportagem da Reuters na segunda-feira.

Segundo Rufino, a última tranche do empréstimo, de pouco mais de 2 bilhões de reais autorizada nesta terça-feira pela Aneel, não será suficiente para quitar todos os gastos com a exposição das distribuidoras ao mercado de energia de curto prazo em abril, que serão pagos até 10 de junho.

Rufino informou que faltarão cerca de 450 milhões de reais para cobrir a necessidade das distribuidoras de abril. Nesse caso específico, o diretor-geral da Aneel disse que as distribuidoras deverão arcar com os custos restantes, que posteriormente serão considerados para cálculo de reajuste tarifário.

A forte estiagem nas regiões dos principais reservatórios de hidrelétricas no Brasil no último período úmido de dezembro a abril e o forte acionamento de térmicas fizeram disparar o preço da energia de curto prazo, forçando o governo a encontrar uma alternativa para socorrer as distribuidoras.

A saída encontrada foi um empréstimo de 11,2 bilhões de reais contratado por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) em abril junto a um sindicato de 10 bancos públicos e privados.

Segundo o diretor-geral da Aneel, o governo já estuda alternativas para ajudar o setor para as liquidações nos próximos meses até o fim do ano, entre elas buscar um aumento do empréstimo jundo aos bancos. Rufino disse, porém, que essa decisão depende das instituições financeiras.

"Essa é uma alternativa que está sendo estudada. O mesmo empréstimo, ampliando o valor (...) Essa conversa com os bancos a gente vai tratar agora", disse.

Na segunda-feira, uma fonte a par do assunto antecipou à Reuters que o governo tinha iniciado tratativa com os bancos para uma eventual ampliação do empréstimo às distribuidoras.

EXPOSIÇÃO MENOR - O diretor-geral da Aneel destacou que nos próximos meses os gastos das distribuidoras com eletricidade de curto prazo vão diminuir devido à queda no preço da energia nesse mercado e também pelo fato de a exposição ter sido reduzida de forma significativa com o leilão de energia existente (A-0) realizado no fim de abril.

Mesmo assim, Rufino acredita que muitas distribuidoras de energia, principalmente as que terão o reajuste de tarifas apenas no fim do ano, não têm condições de carregar até dezembro essas despesas sem ajuda, daí a necessidade de novo ajuste no pacote de auxílio ao setor.

"Tem que ter uma solução, sim. É uma responsabilidade nossa buscar mitigar isso", disse.

Do empréstimo dos bancos de 11,2 bilhões de reais assegurado, cerca de 8,9 bilhões foram para cobrir as compras de energia no curto prazo feitas em fevereiro e março pelas distribuidoras. Restavam cerca de 2,3 bilhões de reais, a serem pagos neste mês pelo dispêndio com energia de curto prazo das distribuidoras em abril.

O empréstimo dos bancos para ajudar o caixa das distribuidoras começará a ser repassado às tarifas dos consumidores a partir do ano que vem, nas datas dos reajustes de cada empresa. O sindicato de bancos inclui Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil, Citibank, BTG Pactual, Bank of America Merrill Lynch, JPMorgan e Credit Suisse. (Agência Reuters)
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