quarta-feira, 30 de abril de 2014

Tarifas das distribuidoras tendem a subir mais em 2015

O reajuste anual autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica neste ano tem levado em conta apenas a compra de energia pelas distribuidoras no ano passado. Até o momento, cerca de 30 milhões de consumidores no ambiente cativo já estão com a nova tarifa. A maioria deles mais alto que em 2013. E a tendência é de que a próxima revisão seja ainda mais pressionada em função da cobrança de aportes que deverão ser pagos pelos consumidores a partir do ano que vem.

O impacto ainda não pode ser mensurado em função de diversas variáveis que compõem o índice de reajuste das distribuidoras. Mas pelo menos três itens já estão certos de chegarem ao consumidor no ACR. O primeiro é o início da cobrança dos cerca de R$ 10 bilhões originados do decreto 7.945 que deveria ser repassado este ano para o consumidor, mas cuja cobrança foi postergada. O segundo item, também previsto para este ano, eram as bandeiras tarifárias. E mais recentemente, os R$ 11,2 bilhões do empréstimo da CCEE que serão pagos em dois anos a partir do reajuste de 2015.

Até o momento, segundo levantamento da Agência CanalEnergia, os pedidos de reajuste tarifários que 22 distribuidoras e cooperativas solicitaram à agência reguladora estão em média em 15,3%. Considerando apenas as grandes distribuidoras, com mais de 1 milhão de unidades consumidoras, esse patamar está em 22%. A Aneel autorizou, em média, reajustes de 16,87% para os consumidores de baixa tensão e de 17,25% para alta tensão para essas concessionárias de maior porte.

De acordo com o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, no ano que vem já podemos imaginar que os aumentos de preços já deverão começar em uma faixa que fica entre 10% e 20%. Apesar da heterogeneidade das composições das carteiras das distribuidoras, essa deverá ser a tendência para 2015. Contudo, ressalta que tudo ainda dependerá do PLD. Outro fator é a exposição que as distribuidoras terão a partir de maio com o leilão A-0 e ao final do ano com o encerramento de contratos de fornecimento de energia até o vencimento das concessões de usinas que virarão cotas cujo ápice será em meados de 2015.

De acordo com o gerente de assuntos regulatórios da Excelência Energética, Erico Brito, essa faixa indicada por Vlavianos é factível apesar de toda a complexidade envolvida nos cálculos da tarifa. "Há distribuidoras que tem um mix contratual mais específico, por isso temos que avaliar caso a caso", explicou ele. "A situação de 2015 está pouco definida, mas será mais pressionada do que estamos vendo atualmente", afirmou Brito.

Essa visão vai ao encontro do que vem afirmando o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, de que a situação em 2014 está mais complicada do que em 2013, em função da elevada geração térmica e da exposição involuntária das distribuidoras.

O presidente executivo da ABCE, Alexei Vivan, corrobora a perspectiva de que o setor continuará pressionado por dois anos. Mas assim como as demais fontes diz que apontar para um índice de reajuste no ano que vem depende de muitas variáveis. "Tendência é de alta sim, não fazemos esse tipo de análise, mas poderá ser em um patamar mais elevado do que temos este ano", disse ele.

Os aumentos autorizados até o momento não apresentaram uma justificativa específica por parte da Aneel. Na AES Sul, a compra de energia oscilou muito mais do que em outras empresas por causa de contratos com usinas termelétricas. Para esse evento tarifário foi registrado um aumento dos gastos com essa energia. Para a CFL Paulista houve mais participação de energia nova e das térmicas com o CVU mais alto. (Canal Energia)
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