segunda-feira, 28 de abril de 2014

Grandes consumidores buscam eficiência

Considerado um dos principais vilões do custo Brasil, o alto preço da energia e do gás natural tem feito grandes consumidores adotarem uma série de estratégias para ganhar flexibilidade e competitividade, incluindo investimentos em fontes renováveis e eficiência energética. Em 2008, quando analisava opções de geração de energia e observava o cenário de preços dos diversos insumos, a Dow estimou que o preço do gás natural no Brasil dificilmente iria cair, enquanto o gás de xisto já provocava uma revolução nos EUA, com o milhão de BTU chegando a custar US$ 5. Na Europa, o gás chegava a US$ 9, enquanto no Brasil superava US$ 13. Era preciso ser mais competitivo e diversificar a matriz, o que asseguraria maior flexibilidade para driblar eventuais oscilações de preço. A empresa passou a estudar um inovador projeto de cogeração de energia a partir de biomassa em sua unidade na Bahia.


Logo no início se pensou no uso do capim elefante, mas o braço de agronegócios da empresa, a Dow AgroScience, apontou que a cultura era muito recente no Brasil e que seria arriscado apostar nela. Mudou o foco do projeto para o eucalipto, uma cultura em que o Brasil detém conhecimento e uma das maiores e mais competitivas produções do mundo.

No fim de março, o projeto iniciou sua fase pré-operacional, com a caldeira tendo sido acesa. Em parceria com a ERB (Energias Renováveis do Brasil), a Dow deu partida a uma planta de cogeração de vapor e energia gerados a partir de biomassa de eucalipto, um projeto inovador no setor petroquímico e que soma R$ 265 milhões em investimentos. A planta de cogeração de vapor e energia da ERB fornecerá 25% da energia consumida pela Dow em Aratu (BA), substituindo 150 mil m3 diários de gás natural e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em 33%.

A ERB e a Dow estabeleceram um contrato de 18 anos para fornecimento de vapor e energia. O projeto, que utilizará biomassa de eucalipto de reflorestamento, consumirá 10,4 mil hectares da madeira, originária de fazendas próprias da ERB e de parcerias que a empresa estabeleceu com produtores rurais de municípios do litoral norte da Bahia. "Teremos 75% da energiadessa unidade vinda de fontes limpas, ganhamos flexibilidade e ainda reduzimos a emissão de poluentes globais", observa Claudia Schaeffer, diretora de energia e mudanças climáticas na Dow para a América Latina.

Na Basf, a receita, desde 2004, tem sido investir constantemente em eficiência energética, o que além de reduzir o consumo contribui para diminuir o uso de água nas unidades industriais. A Basf também busca a competitividade das diversas fontes de geração. "O gás natural tem um preço alto, e sempre estamos observando energéticos", diz Waldemilson Muniz, gerente de infraestrutura e energias. O cenário de escassez de energia trouxe preocupação em relação ao custo da energia, que poderá sofrer algum aumento. "Esse custo mais alto poderá tirar alguns projetos da gaveta", comenta.

Tornar mais sustentáveis os métodos construtivos estão na agenda do dia das construtoras. Além de adotar uma série de medidas para reduzir o consumo de energia nos canteiros de obra, a Even também se preocupa em construir imóveis com menor impacto ambiental. Um prédio construído hoje pela empresa consome 26% menos água e 18% menos energia nas áreas comuns do que um empreendimento erguido em 2006.

"O mercado está mais exigente e estamos sempre atrás de inovações para melhorar nossos produtos, sendo que a energia é uma das preocupações", diz Silvio Gava, diretor técnico da construtora. Estudo da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (Cbic) aponta que muitos consumidores já aprovam pagar uma percentagem a mais sobre o valor do imóvel pelas inovações apresentadas pelo empreendimento. Os pouco mais de mil entrevistados apontaram que soluções que permitam economia de energia elétrica e água são as mais importantes em um imóvel. (Valor Econômico)
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