quinta-feira, 27 de março de 2014

TCU apura gasto para reduzir conta de luz

O TCU (Tribunal de Contas da União) iniciou investigação nos gastos do governo para bancar a redução da conta de energia elétrica. A decisão foi tomada pelo ministro José Jorge e referendada pelo plenário do órgão ontem. Jorge foi ministro de Minas e Energia do governo Fernando Henrique Cardoso entre março de 2001 e março de 2002, durante a crise de racionamento de energia.

Em entrevista à Folha na semana passada, ele defendeu que já passou da hora de o governo pedir à população que economize energia para evitar a necessidade de racionamento como o de 2001.

As áreas técnicas do tribunal vão avaliar gastos e receitas da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) desde 2012, quando o governo instituiu mudanças no setor elétrico com a promessa de redução de 20% nas tarifas.

A CDE funciona como uma espécie de fundo do setor elétrico. Gerida pela Eletrobras, a conta reúne todas as receitas disponíveis, como créditos do Tesouro, pagamentos de multas das elétricas e devolução de empréstimos feitos às concessionárias.

Na lista das despesas dessa conta estão: o pagamento de indenizações a concessionárias, uso de usinas térmicas, subsídio para tarifas dos consumidores de baixa renda e para manutenção do programa Luz Para Todos.

Criada em 2002, a CDE servia apenas para subsidiar os programas sociais na área deenergia. Em 2012, porém, o governo decidiu extinguir as demais contas do setor e concentrar todos os pagamentos nessa única conta.

Com a mudança, os recursos da conta passaram a ser usados pelo governo para bancar a redução do custo da energia ao consumidor. Só em 2013 foram gastos quase R$ 10 bilhões para manter a promessa da presidente Dilma Rousseff --a maior parte dos recursos veio de aportes do governo na CDE.

Neste ano, o valor estimado desse gasto está em mais de R$ 18 bilhões e o governo anunciou que vai usar parte dos recursos da CDE para custear a redução das contas.

Para Jorge, a CDE está sendo usada como "guarda-chuva para equacionar problemas estruturais do setor". O ministro disse que quer fazer audiência pública para tratar "da ausência de transparência e previsibilidade das fontes e destinos de recursos associadas à CDE". (Folha de S. Paulo)
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