segunda-feira, 31 de março de 2014

Conta de luz deve subir 9,5% este ano

O brasileiro vai devolver ao governo, por meio de uma tarifa de energia mais cara, praticamente metade do desconto recebido, em 2013, na conta de luz. A previsão do Banco Central (BC) é de que os preços da eletricidade subam, em média, 9,5% este ano, iminuindo em quase 50% o corte efetivo de 20% anunciado pela presidente Dilma Rousseff. Até fevereiro, a previsão do BC era de alta de 7,5% até dezembro.


A estimativa consta do mais recente Relatório de Inflação da instituição, que traz previsões e análises para o comportamento da economia e dos preços de produtos e serviços. Ao comentar os números, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, reiterou se tratar apenas de estimativa, e não de uma antecipação do reajuste. "Estamos com projeção para aumento da energia, mas isso não é uma promessa", disse.

O próprio Ministério de Minas e Energia (MME) tem declarado que as previsões feitas pelo Banco Central devem ser vistas como indicadores de referência e não como certezas, ressaltando que os reajustes nas contas de luz são definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dentro da programação de revisão tarifária, cujos índices e datas de aplicação são individualizados para cada distribuidora de eletricidade.

O risco de que novos reajustes praticamente anulem o desconto alardeado, em cadeia de rádio e tevê, pela presidente Dilma, justifica a cautela com que o governo tem tratado o assunto. O maior temor do Planalto é de que as manobras feitas para garantir o desconto possam provocar a sobrecarga do sistema elétrico, levando o país a um apagão.

Outro fator que contribuiu para a previsão de aumento na tarifa de energia, segundo documento do BC, foi que a necessidade de utilização de usinas termelétricas para suprir o deficit de produção de energia causada pelo baixo volume dos reservatórios das hidrelétricas. "Como o regime de chuvas em 2013 não assegurou a plena utilização da capacidade instalada das hidrelétricas, de um lado, interromperam-se as exportações de energia elétrica, e, de outro, aumentaram-se as importações de gás natural, destinadas à utilização por termelétrica."

Essa situação provocou queda no valor das ações de duas empresas estatais listadas em bolsa nos últimos meses: a Petrobras, porque teve de importar o combustível para ligar as térmicas, e a Eletrobras, porque teve de suportar o aumento da demanda, recebendo menos recursos devido ao desconto na conta de luz. Sob o governo de Dilma Rousseff, as estatais já perderam cerca de R$ 300 bilhões em valor de mercado.

Administrados - O BC também revisou de 4,5% para 5% a previsão de alta em uma cesta de itens cujos preços são administrados pelo governo. A nova projeção, diz a instituição, leva em conta as variações ocorridas até fevereiro nos preços da gasolina e do gás de botijão, que subiram, respectivamente, 0,6% e 0,3%. A autoridade monetária não acredita, no entanto, que haverá reajuste nas tarifas de telefonia fixa este ano, o que daria certo alívio ao consumidor.

O mercado especula, no entanto, sobre uma nova alta no preço da gasolina até o fim do ano. Questionado sobre esse assunto, Hamilton desconversou. "Provavelmente nesses 5% (de alta dos administrados) tem algum aumento da gasolina ou de algum outro preço do grupo (de despesas)", disse. (Correio Braziliense)
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