quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Um ganho de até R$ 7 bi para três geradoras

No meio de cenários desfavoráveis para o abastecimento de energia e de previsões negativas em torno dos impactos de um eventual racionamento, três empresas podem ter se beneficiado com a nova conjuntura do setor elétrico. Em relatório assinado pelo analista Marcos Severine, o JP Morgan destaca que algumas companhias devem sair lucrando alto com o aumento dos preços no mercado de curto prazo, em nível recorde desde o início deste mês.


Nos cálculos do banco, um grupo de três geradoras - Cesp, Cemig e Copel - pode ter receitas adicionais de R$ 7 bilhões, caso seja mantido o preço de R$ 822,83 o megawatt-hora. Em um exercício financeiro, o JP Morgan calculou também os ganhos extras das empresas com um MWh a R$ 500, que muitos analistas consideram ser um piso para o restante do ano.

As três geradoras são estatais controladas por governos de oposição à presidente Dilma Rousseff e operam usinas hidrelétricas que não aderiram ao plano de renovação das concessões divulgado em setembro de 2012.

Com isso, elas ficaram com grandes montantes descontratados de energia, podendo negociá-la livremente no mercado - em vez de aceitar uma remuneração mais baixa garantida pelo governo para conseguir mais 30 anos de concessão. Resultado: agora estão surfando na onda de um preço inimaginável um ano de meio atrás.

A paulista Cesp pode ficar com uma receita extra de até R$ 2,1 bilhões a R$ 3,5 bilhões - dependendo do preço da energia no mercado spot -, já que tem 483 MW médios descontratados, segundo o relatório. A mineira Cemig, com 336 MW para vender no mercado livre, pode embolsar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2,4 bilhões a mais com essa disparada de preços. A paranaense Copel, com 160 MW disponíveis, ficará com mais R$ 700 milhões a R$ 1,2 bilhão.

As três geradoras têm usinas com concessões vencendo em 2015 e terão que devolvê-las ao União por não terem aceitado a ofrta do governo. Poderão desfrutar, porém, de um belo suspiro final na operação dessas hidrelétricas. A energia descontratada pode ser usada agora para "reduzir o impacto negativo de um eventual déficit hidrelétrico ou impulsionar lucros", afirma o relatório.

Para o banco, mesmo considerando um cenário de hidrologia favorável no resto do ano, é "provável" que os reservatórios cheguem ao fim de dezembro com 20% a 25% de sua capacidade máxima. Isso mantém a pressão sobre os preços no mercado de curto prazo. Por isso, o banco não descarta que o governo "mude as regras do jogo", na precificação da energia. (Valor Econômico)
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