quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Ministério descarta novas medidas para conter demanda

O Ministério de Minas e Energia (MME) descarta qualquer nova medida que tenha o propósito de reduzir o consumo de energia no país. Em entrevista ao Valor, o secretário-executivo do MME, Márcio Zimmermann, disse que o governo já possui medidas antigas que estão em vigor, como ações educativas voltadas a escolas e a produtos que consomem menos energia, como geladeiras.

"Sabemos que a situação atual não é resultado do maior consumo. Na verdade é um pico em função do calor que ocorre, mas que voltará à normalidade na hora em que tivermos uma normalidade na temperatura", disse.

Em janeiro e fevereiro, o consumo de energia atingiu níveis recordes, com demandas 11% superiores às verificadas no mesmo período do ano passado. Zimmermann disse que o governo tem monitorado constantemente as condições meteorológicas e comemorou a aproximação de uma frente fria nas regiões Sul e Sudeste do país. "Vimos que há uma frente subindo na região do Rio Grande do Sul. Essas frentes parece que começam a chegar a São Paulo também. Isso significa um aspecto positivo. Voltando o fluxo normal de frentes frias, isso já contribui muito com a redução de temperaturas, fazendo com que o consumo volte aos níveis normais."

Até a semana passada, institutos de meteorologia previam a retomada do ciclo das chuvas no país, principalmente no Sudeste, na segunda quinzena de fevereiro. A expectativa é que a massa de ar quente que impede a entrada de frentes frias perca força no fim deste mês, permitindo um volume maior de chuvas em março.

Para o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), o governo acertou na decisão de reduzir o preço, mas "errou o foco", ao deixar de atender grande parte da indústria eletrointensiva, como empresas de alumínio, na qual o insumo elétrico representa o maior custo.

Como essas empresas adquirem boa parte de sua energia no chamado mercado livre, onde as negociações se dão diretamente entre empresas privadas, acabaram ficando de fora da maior parte dos benefícios anunciados um atrás, já que as regras atendem, basicamente, o chamado mercado regulado (cativo), onde estão o consumidor final e o varejo. "O grande avanço foi direcionado para o mercado cativo, mas a grande indústria ficou num vazio e num cenário de preços crescentes", diz Pedrosa. "A indústria eletrointensiva não teve ganho estrutural, mas acredito que há disposição no governo de discutir a questão." (Valor Econômico)
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