sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

´Cobertor curto para todos os lados´, diz Miriam Leitão sobre setor elétrico

A temporada das chuvas se estende até março, mas a melhor parte passou. Para se ter uma ideia: em 2012, que foi um ano normal de águas, nessa época de janeiro, fevereiro, o nível dos reservatórios chegou de 76% a 80%. E agora está - no Sudeste, que é onde tem a maior parte da produção energética no país, os reservatórios mais importantes - em 36%. Então, a gente já pode considerar esse período chuvoso já meio perdido. Quer dizer, mesmo que chova daqui até o final de fevereiro e março, já se perdeu uma parte grande dessa temporada.

Quais são as consequências para a economia dessa falta d´água? São três perigos. O primeiro é que essa redução nos reservatórios faz aumentar mais as termelétricas - que custam mais caro. Então, o governo tem que ficar naquele dilema: ou ele aceita o aumento da inflação ou aceita o aumento do gasto público. Já estavam previstos R$ 9 bilhões para cobrir o custo extra de energia. Só que já se sabe que vai ser mais que isso. Então, o governo vai ter que tirar de algum lugar para botar nesse subsídio a energia ou então a inflação subir.

Mas tem mais uma complicação, a terceira complicação: é que essas termelétricas usam combustíveis, insumos que o Brasil importa, não é autossuficiente - óleo diesel, óleo combustível, gás e carvão; tudo está aumentando a importação. O carvão aumentou 10% a importação, o gás dobrou o custo da importação, nos últimos três anos.

Então, com isso tudo, você tem cobertor curto para todos os lados, quer dizer, você aumenta o déficit comercial, aumenta o rombo e a inflação pressionada. Tudo isso por causa desses problemas do setor elétrico. (Bom Dia Brasil)
Leia também:
A argentinização do setor elétrico
Incertezas nas distribuidoras da Eletrobras
Governo admite risco de apagão, mas 'baixíssimo'
Abastecimento depende de chuvas, admite ministério