terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Índice de atraso é alto em projetos de geração e transmissão

Números do governo sobre o atual estágio das obras do setor elétrico indicam que boa parte dos projetos de geração e transmissão está com índices elevados de atraso. O balanço foi divulgado pelo Ministério de Minas de Minas e Energia, ao publicar ontem a ata da penúltima reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada no dia 4 de dezembro.

No setor de geração, 64% das usinas descumpriram o cronograma original em oito meses, em média. Esses projetos integram o conjunto de 370 novas usinas em construção, que respondem pela potência de 36.076 megawatts (MW).

Em transmissão, a demora na execução das obras atingiu proporção ainda maior. Dos projetos monitorados pelo governo federal, 71% das linhas têm atraso médio de 13 meses e 74% das subestações registram atraso de oito meses. Os projetos, que ao serem concluídos serão conectados à rede de transmissão, respondem por 27.388 km de linhas e 40.360 megavolt-aperes (MVA) de capacidade de transformação.

Os atrasos recorrentes dos novos projetos do setor elétrico preocupam especialistas do setor. O principal risco não está no atendimento aos eventos internacionais que serão sediados no Brasil -Copa do Mundo este ano e Olimpíada do Rio, em 2016- por se tratarem de eventos de curta duração. Problemas mais graves poderão surgir no eventual aumento de demanda da indústria, em situações em que o país conseguir retomar o viés de crescimento do PIB, atingindo patamares acima de 5% observados em países vizinhos, como Chile, Colômbia e Peru.

O levantamento feito por técnicos do ministério registrou que foram adicionados ao sistema 6.179 MW de capacidade instalada em 2013.

Outra preocupação evidenciada na ata do CMSE diz respeito à ampliação do horário de ponta do consumo de energia elétrica. Essa mudança no perfil de consumo, causada pelo maior número de aparelhos de ar-condicionado ligados no período da tarde neste verão, tem levado ao acionamento maior que o previsto de usinas térmicas nas últimas semanas.

Tal situação levou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, a solicitar que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em conjunto com técnicos do órgão, elabore estudo para "equacionar a condição de atendimento à ponta de carga, que vem ocorrendo no período da tarde", conforme foi relatado na ata do CMSE.

O documento registrou ainda que a própria EPE observou que o planejamento do setor, elaborado pelo governo por meio dos planos decenais, "não tem detectado esse problema de atendimento à ponta de carga". Por outro lado, representantes do Operador Nacional do Sistema (ONS) ressaltaram que não há consenso sobre a análise técnica do tema.

Segundo o documento, o ONS informou que "há diferenças metodológicas de abordagem do balanço de ponta". Por decisão do CMSE, ficou acertado que serão marcadas reuniões técnicas para tratar, especialmente, do assunto. (Valor Econômico)
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