quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

MME realizará novos leilões para suprir descontratação das distribuidoras

O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que poderão ser realizados novos leilões para cobrir a descontratação das distribuidoras, que não foram supridos com o A-1 realizado na última terça (17/12). “Preencheu a metade e nós realizaremos outros leilões até resolvermos o problema”, destacou Lobão, fazendo referência aos 2.751MW médios contratados no certame.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite, a solução deverá ser conversada com o Governo, mas ele não acredita que um novo leilão seja o caminho mais viável. “Outro A-1 não resolve, porque acabou de ter um agora. O gerador que tinha energia existente para ofertar, já vendeu agora. Então acho que a solução não deve ser por aí não. Deve ser via tarifa ou algum tipo de aporte temos que negociar. Via tarifa, teria que ser um reajuste entre 3% e 5%”, explicou Leite.

O montante contratado representa apenas 40% dos 6.300 MW médios da necessidade das distribuidoras. O presidente da Abradee explicou que, como o preço da energia na tarifa está precificado em R$110/MWh, dependendo do custo da energia a ser comprada no Mercado de Curto Prazo ao preço do Preço Liquido da Diferença (PLD), pode gerar um rombo de mais de R$ 5 bilhões no caixa das concessionárias. “Essa diferença entre o que está na tarifa e o que as distribuidoras vão ter que desembolsar vai dar um impacto no caixa, que fizemos uma conta preliminar, de R$ 3 bilhões a R$ 5,4 bilhões que as distribuidoras vão ter que pagar”, destacou Nelson Leite.

Além disso, o presidente da associação afirmou que mesmo a energia contratada no A-1 representa uma problema para as distribuidoras, devido a diferença entre o preço da tarifa e o contratado. “Tem uma diferença de preço que, para 2014, essa energia sairia a R$ 177/MWh, e essa energia está precificada a R$ 110/MWh. Então isso significa R$ 1,5 bilhão que tem que entrar na tarifa”, afirmou.

Questionado se para o próximo ano haveria alguma previsão por parte do Tesouro Nacional de aporte na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), o que aliviaria para as distribuidoras, o ministro Edison Lobão apenas afirmou que haverá se for necessário. “O modelo energético brasileiro contempla o princípio da modicidade tarifária. Então nós estamos sempre perseguindo este vetor. A modicidade é um dos três mais importantes. Então tudo que se fez é nessa intenção. Houve aquela redução de 20% em média, que se mantém e se manterá”, ressaltou Lobão.

O ministro de Minas e Energia falou ainda que as expectativas para o próximo ano é de que tenham chuvas elevadas e com isso baixo despacho de termelétricas. Caso as perspectivas de Lobão estejam certas, a baixa no preço do PLD deverá contribuir positivamente para as distribuidoras.

De acordo com o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, se tiver um clima favorável com chuvas, pode ser até melhor para o consumidor, porque o preço da energia pode sair mais barato que o preço-teto do leilão. “Esses 4mil MW vão ter que ser contratados no mercado spot. Então se o mercado spot der menos de R$192/MWh o consumidor vai ter ganhado. E quem apostou contra o clima, contra a chuva, perderam. Se o preço ficar mais alto ganhou. Foi uma escolha, é como um jogo”, ressaltou Tolmasquin. (Jornal da Energia)
Leia Também:
Conta de luz congelada
Tesouro deve bancar conta de energia
Eletropaulo vai questionar Aneel na Justiça
Aneel achou `apressado´ adotar bandeiras tarifárias em 2014, diz Lobão