sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Elétricas querem gás para suas usinas

A participação das companhias elétricas na 12ª Rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), realizada ontem, confirmou o interesse das empresas do setor pelo gás natural, como insumo para geração termelétrica. Duas das cinco elétricas habilitadas para o leilão - a paranaense Copel e a franco-belga GDF Suez - arremataram blocos na licitação. A Copel venceu a concessão de quatro blocos na Bacia do Paraná. A estatal paranaense tem 30% do consórcio vencedor, em parceria com a Petra Energia (operadora, com 30%), a Bayar (30%) e a construtora Tucumann (10%).

Segundo o geólogo Pedro Zalán, da ZAG Consultoria, a parceria entre Copel e Petra na Bacia do Paraná é claramente voltada para o desenvolvimento da produção de gás natural para fins de geração termelétrica. A Petra é uma das primeiras empresas a desenvolver projetos integrados de produção de gás com térmicas, na Bacia do Parnaíba.

Já a GDF Suez venceu seis blocos na bacia do Recôncavo. Em cinco deles, a empresa teve 25% de participação, em consórcio com Petrobras (operadora com 40%) e Ouro Preto Óleo e Gás (35%). Em outro bloco, a franco-belga também tem 25%, em parceria com Petrobras (operadora, com 40%) e Cowan (35%).

Representantes da Eneva (ex-MPX) também estiveram presentes no hotel onde foi realizado o leilão. O Valor apurou, porém que a empresa decidiu não fazer ofertas pois está concentrada neste momento na conclusão da operação de aumento de capital da Parnaíba Gás Natural (novo nome da OGX Maranhão).

Segundo uma fonte do setor, a expectativa na Eneva é que todo o processo seja concluído entre dois e seis meses. Ao fim da operação, 72,7% da Parnaíba Gás Natural pertencerão à Cambuhy Investimentos. A Eneva ficará com 18,2% e a E.On, com 9,1%. A alemã é uma das controladoras da Eneva, junto com Eike Batista.

Também esteve no hotel o executivo Walfrido Ávila, diretor-presidente da comercializadora de energia Tradener. Apesar de estar habilitada, a companhia não fez ofertas no leilão. Outra energética que não fez lances foi a alemã RWE.

"A novidade desta rodada que nós estamos saudando é a participação de empresas de energia", afirmou a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.

O governo reiterou que incentiva o uso do gás natural para geração de energia termelétrica. "Todos os blocos licitados são próximos a grandes pontos de energia elétrica", afirmou o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Ele lembrou que o único bloco negociado no Acre está situado perto de um projeto de linha de transmissão que corta o Estado "de ponta a ponta". "A decisão de fazer este leilão voltado para o gás foi pelo papel que esse energético vem apresentando no mundo", completou Zimmermann. (Valor Econômico)
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