sexta-feira, 12 de julho de 2013

Licitação da Aneel deve ter pouca concorrência

O mercado elétrico terá hoje uma nova oportunidade para medir o grau de interesse do investidor após o processo de prorrogação das concessões, com o segundo leilão de transmissão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) neste ano. A expectativa, porém, segundo analistas, é que a licitação tenha pouca competição, a exemplo do ocorrido na licitação anterior, em maio, quando o deságio médio ficou em 11,96%, um dos mais baixos dos últimos anos, e quatro lotes não receberam ofertas dos participantes.

Na avaliação do mercado, esse cenário se deve à baixa atratividade e ao pequeno porte dos sete lotes de linhas de transmissão e subestações que serão oferecidos, totalizando investimentos de R$ 1,2 bilhão e receita anual permitida (RAP) máxima de R$ 133 milhões. Também pesam contra uma esperada participação inexpressiva das empresas do grupo Eletrobras e a ausência da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). Tratam-se de dois tradicionais investidores que reviram sua estratégia após perderem receita com a renovação das concessões.

"De forma geral, não há muita competição para lotes pequenos. Geralmente esses leilões são vencidos por quem já possui estrutura de transmissão próxima ao local, como almoxarifado, funcionários e caminhonetes", disse o professor Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel/UFRJ). "Imaginamos que este leilão será muito parecido com o último", afirmou Thaís Prandini, da consultoria Thymos Energia.

Segundo o diretor da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto, não foi vista uma grande movimentação de agentes antes do leilão, por isso "não dá para verificar a atratividade do setor".

De acordo com a Aneel, dez empresas e nove consórcios estão inscritos para o leilão. Entre eles os potenciais concorrentes, na avaliação do mercado, são as elétricas brasileiras Neoenergia, Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE GT) e Copel, as espanholas Abengoa e Cobra e a construtora Alusa. Outros concorrentes de peso, porém, também estão na lista de inscritos. É o caso da também espanhola Elecnor, a elétrica CPFL Energia e Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (Taesa), que tem entre seus acionistas a estatal mineira Cemig.

No leilão, serão licitadas 16 linhas de transmissão e 12 subestações em oito Estados e no Distrito Federal, totalizando 1,58 mil quilômetros (km) de extensão. De acordo com a Aneel, os empreendimentos vão gerar 4.790 empregos diretos. O prazo de concessão das obras será de 24 a 36 meses e os contratos de concessão terão 30 anos.

A licitação não ofertará os quatro lotes que não receberam propostas dos concorrentes no leilão em maio. Entre essas obras estavam projetos importantes como o reforço da subestação Araraquara (SP) que receberá a linha de transmissão que escoará a produção do complexo do Rio Madeira, em Rondônia.

A Aneel, porém, deu um bom sinal ao mercado ao recolocar no leilão a linha Rio Branco - Feijó - Cruzeiro do Sul. O empreendimento, que liga a capital do Acre ao extremo oeste do Estado, não havia atraído o interesse dos investidores no último leilão de 2012 e será ofertado agora com uma proposta de receita anual permitida (RAP) 27% maior. A linha, com 657 km (a maior do leilão), faz parte do primeiro lote do leilão. A proposta de RAP para o projeto é de 32,9 milhões, contra os R$ 25,96 milhões propostos no ano passado. (Valor Econômico)