quarta-feira, 3 de julho de 2013

Juiz impede Energisa de fazer oferta a credores do Rede

O juiz Caio Marcelo Mendes de Oliveira, responsável pela recuperação judicial do Grupo Rede, decidiu que o plano de aquisição proposto pela Energisa não será submetido aos credores do conglomerado paulista, que realizam hoje uma assembleia em um hotel em São Paulo. O despacho foi anexado ao processo. "Esta questão [o requerimento da Energisa] não pode mais interferir no correto andamento do pedido de recuperação, pois não estamos à frente de um processo licitatório, não se podendo admitir qualquer interrupção do processamento por interesses de terceiros que não são credores das autoras", escreveu o juiz.

"O que está em discussão aqui é o plano apresentado pelas devedoras e é sobre ele que tem que se debruçar os credores, quer aprovando-o, quer rejeitando-o, lembrando-se que qualquer alteração no plano dependerá da concordância das autoras", afirmou o juiz. Isso significa que os credores irão votar apenas o plano de recuperação proposto conjuntamente pela CPFL e Equatorial. O plano possui o apoio do dono do grupo Rede, Jorge Queiroz.

Uma parte dos credores, insatisfeita com o deságio de mais de 85% nas dívidas proposto pelas duas empresas, vinha apoiando a Energisa, com o intuito de pressioná-las. O grupo de energia mineiro tentou apresentar um plano de aquisição dos ativos em cima da hora e foi autorizado, pela Justiça, a comparecer à primeira assembleia de credores, realizada no dia 5 de junho.Mas a estratégia era considerada arriscada por fontes do setor, que já viam poucas chances de sucesso na empreitada da Energisa. Isso porque a CPFL e Equatorial possuem um contrato de compra e venda assinado por Queiroz e, dificilmente, na avaliação de advogados, esse acordo poderia ser desfeito.

O grupo mineiro havia se aliado inicialmente à Copel, mas a estatal paranaense de energia desistiu da disputa pelo grupo Rede depois da primeira assembleia de credores. A Copel considerou muito pequeno o prazo de um mês que foi concedido para a elaboração de um proposta firme de compra. Depois disso, a Energisa recebeu o suporte do fundo de investimento Gávea, de Armínio Fraga. A gestora fundada pelo ex-presidente do Banco Central comprou 10,7% do capital do grupo de energia mineiro no mês passado.

Mas, em entrevista ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, Fraga afirmou que a decisão de investir na Energisa não estava vinculada à aquisição do grupo Rede e que via oportunidades de expansão no setor elétrico, tanto no segmentos de geração quanto de distribuição. Uma dessas oportunidades, segundo ele, seria a possível privatização das distribuidoras controladas pela Eletrobras. (Valor Econômico)
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