terça-feira, 18 de junho de 2013

Eletrobrás investirá R$ 2 bi por ano na área de distribução

As distribuidoras da Eletrobrás estão prestes a passar por um grande choque de gestão. Semana passada, a estatal deu o pontapé inicial de um programa de reestruturação das atividades na área, uma fonte recorrente de prejuízos, visando a melhoria operacional e financeira de suas seis concessionárias nas regiões Norte e Nordeste.

As seis empresas foram incluídas no Plano de Incentivo ao Desligamento (PID), que pretende reduzir o quadro de funcionários do Sistema Eletrobrás. Hoje, a expectativa é de que 1,8 mil empregados das distribuidoras adiram ao PID. "A estrutura das companhias está inchada", admitiu o diretor de distribuição da Eletrobrás e diretor-presidente das distribuidoras, Marcos Aurélio da Silva.

"Queremos que as empresas se encaixem nos níveis regulatórios da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)", afirmou o executivo. As operações da Eletrobrás em Rondônia, Piauí, Acre, Alagoas, Amazonas e Roraima (por meio da Boa Vista Energia) possuem os piores de índices de qualidade de serviço e perdas de energia do País.

Para promover a melhoria operacional e financeira das empresas, o grupo investirá R$ 2 bilhões ao ano em distribuição. Uma das iniciativas mais relevantes é o Projeto Energia uma parceria com o Banco Mundial que prevê aportes de R$ 14 bilhão para a expansão e modernização dos sistemas elétricos.

Foco de ampla campanha publicitária iniciada ontem pela Eletrobrás nos seis Estados, o Projeto Energia + congrega uma série de ações visando reduzir as perdas totais de energia e aumentar a qualidade do serviço prestado. Da Silva explica que o grupo investirá, por exemplo, em digitalização e blindagem das redes, na medição eletrônica de consumidores de alta tensão, e de clientes de baixa tensão em áreas com elevados índices de furtos. "Vamos implantar um centro

de medição integrado em Brasília e centros de supervisão regionais em cada área de concessão das seis distribuidoras", disse. Além de melhorar a eficiência operacional, a Eletrobrás também quer preparar as companhias para fazer frente à forte expansão da demanda nas regiões onde atua, que cresce em torno de 10% a 12% ao ano.

Com os ganhos de produtividade, a Èletrobrás espera reduzir para 17%, em 2017, a relação de despesas com pessoal, material, serviços e outros (PMSO) sobre a receita líquida, índice" que permite apurar a eficiência operacional. No fim de 2012, o indicador fechou em 38%, mas estava em 45% no fim de 2011, mostrando uma evolução.

As perdas totais devem cair do atual nível de 31% para 17%, em 2017, assim como as receitas devem evoluir de R$ 5,8 bilhões, previstos em 2013, para R$ 8 bilhões, em 2017. "Acreditamos que as empresas irão se autos sustentar e gerar dividendos entre 2014 e 2015", previu.

Os próximos anos serão cruciais para o futuro das distribuidoras da Eletrobrás. As seis empresas estão passando pelo ciclo de revisão tarifária e, em julho de 2015, os seus contratos de concessão irão expirar. A tendência é que a Aneel condicione à renovação dos contratos à melhoria na qualidade do serviço. Da Silva afirmou que a estatal apresentará no fim do mês o plano para reorganização societária do negócio de distribuição. (O Estado de S. Paulo)
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