quinta-feira, 21 de março de 2013

Elétricas voltam a assustar investidor

A luz vermelha do risco regulatório disparou nas mesas de operação ontem. Investidores tomaram um susto com a decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicada no "Diário Oficial da União" no dia 12. A mudança na base de cálculo das tarifas da Cemig havia passado despercebida do mercado e só foi notada após analistas de algumas corretoras terem alertado para o fato. 

A nova base de remuneração foi definida em R$ 5,11 bilhões, uma redução de US$ 1,6 bilhão em relação à referência que a própria Aneel havia definido anteriormente. Assim, o reajuste nas tarifas da companhia deverá ser bem menor do que o mercado esperava. 

Cemig PN recuou 13,95%, para R$ 22,20, com forte giro, de R$ 526 milhões. "O que aconteceu não foi pequeno", afirma o analista Antonio Junqueira, do BTG Pactual. 

Outras elétricas também caíram: Light ON (-6,20%), Eletrobras PNB (-4,33%), Eletropaulo PN (-4,15%), Eletrobras ON (-3,69%), Copel PNB (-3,06%) e CPFL ON (-2,04%). "O mercado está com medo de que a mesma revisão possa prejudicar as demais companhias", disse o estrategista de Varejo da Bradesco e da Ágora Corretora, José Francisco Cataldo. Em setembro do ano passado, o setor sofreu pesadas baixas com a mudança nas regras de renovação das concessões das geradoras. 

A Bovespa ignorou a melhora do cenário externo e fechou no vermelho. Até mesmo a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e os desdobramentos da crise no Chipre ficaram em segundo plano diante da surpresa do mercado com o processo de revisão tarifária da estatal mineira. Ainda assim, o Ibovespa conseguiu manter o patamar de 56 mil pontos, fechando em baixa de 0,59%, aos 56.030 pontos, muito próximo do menor fechamento deste ano, de 55.950 pontos. A perda em 2013 já chega a 8%. O volume alcançou R$ 7,774 bilhões 

A lista de maiores baixas trouxe ainda parte das empresas "X". A mineradora MMX ON perdeu 9,81%, para R$ 2,85, enquanto a companhia de logística do grupo, LLX ON, recuou 5,90%, para R$ 2,23. Fora do índice, OSX ON, o estaleiro de Eike, perdeu 4,72%. As exceções ficaram com OGX ON (4,38%) e MPX ON (2,22%). Segundo operadores, houve um movimento de redução de posições vendidas na companhia de petróleo. Já a empresa de energia reagiu à confirmação pelo grupo EBX, de que Eike negocia a venda de suas ações. Conforme informou o Valor, o empresário já teria acertado o negócio com a alemã E.ON. 

Na ponta positiva do Ibovespa, além de OGX, apareceram Vale ON (2,29%) e PNA (2,03%), e Pão de Açúcar PN (1,76%). Os papéis da mineradora corrigiram parte da perda do dia anterior, quando sofreram com relatório do Goldman Sachs, que reduziu o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações). 

Ainda entre as altas, Banco do Brasil ON (1,70%) vem chamando a atenção dos operadores. O papel sobe forte há dois dias, na contramão do mercado. Segundo um especialista, o movimento seria reflexo da abertura de capital da BB Seguridade, a unidade de seguros, previdência e capitalização do banco, cuja estreia na bolsa deve ocorrer em abril, com uma oferta de R$ 5 bilhões. 

Petrobras PN (-1,30%) e ON (-1,25%) deram sequência à correção dos expressivos ganhos deste mês. Quem apareceu na lista das ações mais negociadas foi Lojas Americanas ON. O papel teve um negócio direto com 25 milhões de ações. Vale lembrar que os papéis mais líquidos da empresa de varejo são as PN. A operação, com 6,8% do capital ordinário da Americanas, movimentou R$ 420 milhões. (Valor Econômico)

Leia também:
Crise na confiabilidade do setor elétrico
Transformador verde ganha espaço na CPFL
*  Aneel indica que cortará tarifa da Cemig; ações caem
Aneel terá que definir alcance do decreto que prevê socorro às distribuidoras