sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Hubner é cotado para secretaria na Casa Civil

O atual diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, é cotado para substituir o secretário-executivo da Casa Civil, Beto Vasconcelos, que está de saída do governo. Vasconcelos tem status de superassessor no Palácio do Planalto e teve participação ativa na montagem dos pacotes de infraestrutura anunciados no fim do ano passado, como o de portos e o de aeroportos, que estiveram no topo das prioridades da presidente Dilma Rousseff. 

Hubner goza de absoluta confiança de Dilma. Ambos mineiros, eles compunham o núcleo da equipe à frente do Ministério de Minas e Energia, entre 2003 e 2005. Outras três figuras-chaves eram Maurício Tolmasquim, hoje presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Erenice Guerra, então consultora jurídica do ministério e depois ministra-chefe da Casa Civil, afastada por denúncias de tráfico de influência no Planalto, e Márcio Zimmermann, atual secretário-executivo da pasta de energia. 

Sempre muito firme em suas posições, sem se intimidar com cobranças ou divergências da chefe, qualidade apreciada pela presidente em qualquer auxiliar, Hubner tem acesso direto a Dilma, até pelo interesse que ela continua demonstrando pelo setor elétrico. A relação de confiança entre os dois é tão grande que, segundo reza a lenda, Hubner, hábil com números, engenheiro elétrico de formação e pós-graduado em matemática, já chegou até a fazer declaração de Imposto de Renda para a chefe. 

O mandato de Hubner na Aneel termina em março, mas ele pode ser reconduzido. Vasconcelos já comunicou a amigos sua saída, para um período de estudos acadêmicos no exterior, mas combinou ficar na Casa Civil até junho. 

A ministra Gleisi Hoffmann também deve deixar o cargo, até março de 2014, para ser candidata ao governo do Paraná - sua pretensão política desde que se elegeu, em 2010, senadora mais votada pelo Estado. 

A provável saída de Gleisi, no ano que vem, torna ainda mais importante a definição do nome para suceder Vasconcelos. Afinal, é a pessoa que pode herdar a chefia da Casa Civil na reta final do mandato de Dilma, com possibilidades de ficar caso ela se reeleja. 

No Palácio do Planalto, há quem acredite que Gleisi, como é habitual entre os ministros, queira indicar seu número dois. Mas, como se trata de um cargo fundamental para coordenar ações de todo o governo e com acesso frequente a reuniões presidenciais, dificilmente haverá uma indicação sem o crivo de Dilma. 

Outro nome imediatamente lembrado é o de Gilson Bittencourt, ex-assessor especial do Ministério da Fazenda, hoje adjunto de Vasconcelos. Na hipótese de que prevaleça a vontade pura e simples de Gleisi, sua conterrânea, o nome dele ganha força. 

Bittencourt, um dos adjuntos na Secretaria de Política Econômica, costumava cuidar de temas relacionados à agricultura e ao microcrédito antes de ir para o quarto andar do Palácio do Planalto. 

Na bolsa de apostas, que tem Hubner como principal candidato à secretaria-executiva da Casa Civil, a sucessão no comando da Aneel ficaria com o diretor Romeu Rufino. Já na reta final de seu segundo mandato, ele fica na agência até agosto de 2014, sem que possa ser reconduzido. 

Técnico do setor elétrico, superintendente da Aneel desde o início da década passada e depois diretor, Rufino era conhecido de Dilma desde a passagem dela pelo Ministério de Minas e Energia. 

Ele conquistou definitivamente a confiança dela ao participar do restrito grupo de fez o desenho da medida provisória que permitiu prorrogar as concessões e reduzir as contas de luz. Rufino e Hubner foram os únicos da Aneel a entrar no Palácio do Planalto, várias vezes, para discutir o assunto com Dilma. Os demais diretores ficaram alheios à discussão. Apesar da chuva de ataques do mercado financeiro às propostas do governo para renovar as concessões, o prestígio deles com Dilma só aumentou. 

Desde o início de janeiro, Hubner conseguiu manter a Aneel relativamente afastada do bombardeio de críticas recebidas pelas demais autoridades do setor, diante do risco de um novo racionamento. (Valor Econômico)

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