quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Renovação das concessões ameaçam empregos no setor

Associação Brasileira das Concessionárias de Energia diz que renovação de contratos no setor pode causar apagão de vagas para trabalhadores.

A medida provisória (MP) 579 para o setor de energia, que estabelece a renovação das concessões para as elétricas, pode causar um apagão de vagas para os trabalhadores do setor. 

De acordo com Alexei Marcorin Vivan, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira das Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE), o cenário de cortes é visto como possível, caso as empresas renovem as concessões. “Dependendo do valor da tarifa para as geradoras elas vão se tornar meras operadoras de energia. Com isso, a única forma das empresas alcançarem retorno financeiro é operando abaixo do nível da tarifa e isso pode representar demissão”, afirma. 

A geradora e transmissora de energia Furnas anunciou um plano de demissão voluntária que tem como expectativa reduzir o quadro de empregados em 28%, até julho de 2013. Só que na visão de Sérgio Tamashiro, analista da J. Safra Corretora, as demissões podem acontecer em todo o grupo da Eletrobras. “Este novo cenário irá demandar que a Eletrobras reduza significativamente seu quadro de funcionários para manter sua continuidade”, avaliou. Outra empresa do grupo que está próxima de lançar um plano de demissão é a Chesf. Para o Sinergia-Bahia, sindicato do setor elétrico baiano, a nova medida pode “destruir as empresas geradoras de energia do país, incluindo a Chesf”, diz. Por meio de comunicado, a entidade afirma que as consequências para a Chesf e para os trabalhadores serão traumáticas. “Para continuar existindo, a Chesf terá de adotar cortes de despesas, atingindo nossos direitos e nossos postos de trabalho”, analisa. 

No mesmo caminho de Furnas e Chesf, a Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) informou que fará o desligamento de 734 empregados, que representam cerca de 20,2% do seu quadro efetivo de funcionários. Com as demissões, a empresa espera obter uma economia anual de R$ 159,2 milhões. 

De acordo com Vivan, a data estabelecida pelo governo — 15 de outubro — para manifestar o interesse de renovação é apertado para as companhias. “Para as concessionárias está difícil tomar a decisão, já que o prazo é curto para avaliar todos os impactos. Mesmo assim, nenhuma empresa se manifestou contrária à renovação”, destacou o presidente da ABCE que enviará carta ao Ministério de Minas e Energia pedindo uma prorrogação do prazo. “O governo terá que se esforçar muito para cumprir o apertado cronograma, impactando também as empresas de energia elétrica”, afirma Tamashiro. 

Na contramão das incertezas do setor, Antonio Gavazzoni, presidente da Celesc foi o primeiro a protocolar junto à Agência Nacional do Setor Elétrico (Aneel), o interesse em prorrogar a concessão. “Nossa expectativa é ser a primeira empresa a ter a concessão prorrogada por 30 anos”, disse o executivo. (Brasil Econômico)
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